Com certeza você conhece Hollywood e os inúmeros filmes lançados pela potência cinematográfica dos Estados Unidos, mas já ouviu falar em Bollywood? Há quem diga que é a Hollywood da Índia, mas, particularmente, eu não gosto da comparação. Por isso, prefiro dizer que é, simplesmente, o cinema produzido na Índia com suas características próprias. Se bateu a curiosidade sobre o que é essa indústria e o que se produz por lá, vem comigo.
Bollywood abrange uma indústria de filmes predominantemente no idioma hindi, produzidos em Mumbai (também conhecida como Bombaim), a maior e mais importante cidade da Índia. A maioria dos filmes produzidos e lançados no país vêm a partir de Bollywood, que tem demonstrado números surpreendentes nas estatísticas, vendendo anualmente cerca de 3,6 bilhões de ingressos para longas-metragens indianos. Com isso, essa indústria deixa filmes norte-americanos para trás com cerca de 2,6 bilhões por ano. Mas você deve estar se perguntando como surgiu o cinema indiano, certo?
Nascimento do cinema indiano
O cinema entrou na Índia em 1896. Primeiramente, com exibições de filmes de cineastas estrangeiros, mas o primeiro filme produzido no país foi o curta-metragem silencioso Raja Harishchandra (1913), de Dadasaheb Phalke. Conforme os anos foram passando, a indústria foi se estabelecendo lançando filmes falados e em cores, como Kisan Kanya (1937), de Moti B. Gidwani.
Ainda na década de 1930, a Índia já produzia mais de 200 filmes por ano e todos com sucesso comercial. Porém, nesse mesmo período o país passou por uma crise política, social e econômica por conta da Segunda Guerra Mundial e pela Grande Depressão. É nesse cenário que surge Bollywood, que buscava escapar da realidade que o país vivia, embora diversos cineastas tenham também produzido filmes com temáticas sociais.
A Era de Ouro
A indústria também teve sua Era de Ouro e isso aconteceu nos anos de 1950 e 1960, momento em que os filmes em cores já faziam muito sucesso nas salas de cinema pelas narrativas elaboradas com melodramas musicais e romances. Essa época foi marcada por diversos filmes aclamados, como O Vagabundo (1951), de Raj Kapoor, e o clássico Mughal-e-Azam (1960), de K. Asif. De modo geral, os filmes abordavam a classe trabalhadora indiana com narrativas que mostravam a vida urbana.
Tão logo o cinema bollywoodiano começou a fazer enormes sucessos de bilheteria, mas foi nesse momento que surgiu o movimento cinematográfico chamado Cinema Paralelo, marcado pela produção de filmes com temáticas sociais e que iam contra as conhecidas sequências musicais que eram muito comuns no cinema da indústria indiana. O movimento foi um sucesso e abriu portas para o surgimento do Neorrealismo Indiano (1944-1952) e do Cinema Novo Indiano (1958-1960).
A Era Clássica
Já na década de 1970, iniciou-se a Era Clássica de Bollywood, que foi quando surgiu pela primeira vez o termo. E sabe por que escolheram um nome tão similar como o da indústria norte-americana? Porque foi um momento histórico em que a Índia tirou o posto dos Estados Unidos de maior indústria cinematográfica do mundo. Então, somaram o nome “Bombaim” ao nome “Hollywood”, embora algumas pessoas acreditem que esse termo diminui as particularidades do cinema indiano como se fosse uma espécie de “cópia” de Hollywood.
Nessa mesma época, os filmes musicais românticos da indústria começaram a estagnar, foi quando os roteiristas Salim Khan e Javed Akhtar introduziram histórias de gênero, marcadas por conflitos violentos mostrando o submundo do crime em Bombaim. Esses filmes passaram a refletir o descontentamento e a precariedade da vida cotidiana nas grandes cidades, assuntos que a população se identificou facilmente. Os longas mais famosos desse período são Zanjeer (1973), de Prakash Mehra, e Deewaar (1975), de Yash Chopra.
Mas é fato que o sucesso de Bollywood se deu principalmente pelos musicais, que principalmente desde a década de 80 até os dias atuais ainda são um marco da indústria. Os filmes indianos se caracterizam especialmente pela ênfase no espetáculo das histórias, que combinam música e dança, mas sempre articulando com situações cotidianas.
As tramas, em geral, abordam temáticas consideradas clichês, mas que agradam o grande público, como dramas familiares, amantes separados pelo destino, crimes, irmãos que viveram separados e se reencontram anos depois etc. E é claro que nem só de clichê viveu Bollywood, pois também foram lançadas diversas produções mais artísticas que buscavam fugir desses estereótipos.
Legado
Bollywood é um dos maiores orgulhos da cultura indiana, pois se tornou parte da história do país por fazer com que o povo hindu pudesse conhecer sua própria história por meio das imagens em movimento. Por isso, geralmente é associada à identidade nacional, dando aos indianos a sensação de pertencimento.
Desde o nascimento, a indústria vem influenciando a cultura indiana e retratando as realidades do país. Pois como falei, apesar dos filmes serem realizados para lazer, também lidam com questões emergentes e relevantes para o povo. Além disso, é nítido que Bollywood é uma grande fonte de poder social e econômico para o país, levando sua cultura para o resto do mundo.
Confira as dicas
Agora que você já conhece Bollywood, eu separei alguns filmes da indústria que estão na Netflix para você assistir:
- Pinte de Açafrão (2006), Rakeysh Omprakash Mehra
- Kai Po Che! (2013), Abhishek Kapoor
- 2 States (2014), Abhishek Varman
- Umrika (2015), Prashant Nair
- Talvar (2015), Meghna Gulzar
- Pink (2016), Aniruddha Roy Chowdhury
- Soni (2018), Ivan Ayr
- Parmanu (2018), Abhishek Sharma
- Homem-Absorvente (2018), R. Balki
- Artigo 15 (2019), Anubhav Sinha
Eu poderia passar dias escrevendo sobre Bollywood, mas acho deu para você conhecer um pouco desse cinema maravilhoso. Até a próxima!