A sessão desta quarta-feira (27) na Câmara Municipal de Manaus (CMM) foi palco de duras discussões entre a base a oposição do prefeito David Almeida (Avante) devido à não deliberação do projeto que libera mais um empréstimo para a prefeitura. Além disso, houve troca de farpas entre vereadores por declarações ocorridas ontem e hoje.
O projeto de lei 69/2024 corrige distorções no pedido de empréstimo apontadas pelo Ministério da Fazenda, incluindo falta de certificação do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), falta de cronograma de pagamento e ausência de transparência. Aliado de David, o vereador Gilmar Nascimento (Avante) declarou que o projeto tramita há 30 dias sem discussão, ferindo o regimento interno da CMM.
“Nós temos aquele projeto com relação ao Executivo, que é alteração do empréstimo, que segundo o artigo 64 da Loman [Lei Orgânica do Município], diz que o prefeito solicita regime de urgência e a Câmara tem que apreciar em 30 dias. A pauta está trancada! Se estivermos fazendo isso, estamos violando o regime interno”, disse.
Vice-líder do prefeito, o vereador Raulzinho (PSDB) declarou que não entende a demora na apreciação do projeto e que tal coisa “nunca aconteceu”.
“A população está lá fora a espera de resultados da Câmara e temos um dever com a sociedade, não com a prefeitura”, disse.
O presidente Caio André (Podemos) afirmou que a mesa diretora está cumprindo “fielmente o regimento interno” e destacou que a urgência só poderá ser tratada após a deliberação no plenário.
Farpas
A sessão também foi marcada por troca de farpas entre os parlamentares. GIlmar Nascimento criticou, sem citar nomes, o vereador Rodrigo Guedes (Podemos) por suas falas na sessão de segunda-feira (25), quando declarou que os vereadores deveriam passar por teste do bafômetro e exames toxicológicos.
“Ele tem que citar o nome quando ele fala! Porque ontem ele disse que todos aqui tinham que fazer bafômetro e exame ‘toxocológico’, e ofendeu todo o plenário dizendo que aqui tinha bêbado e drogado!”, esbravejou.
Os vereadores Sassá da Construção Civil (PT) e Raiff Matos (DC) também protagonizaram uma discussão com direito a gritos de ‘cale a boca’. A briga começou quando Sassá apresentou um vídeo da deputada estadual Débora Menezes (PL) empurrando o jornalista Gabriel Abreu, da revista Cenarium, para longe do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) durante um evento no fim de semana.
Raiff acusou Sassá de estar fazendo narrativas de esquerda, a quem chamou de “bando de canalhas”. Em resposta, o petista afirmou que não acusou Débora de nada, apenas apontou falta de decoro da parlamentar. Sassá também relembrou o passado de Raiff Matos como cantor de boi-bumbá enquanto prega valores ultraconservadores hoje em dia. Raiff Matos mandou Sassá ficar calado quando ele tentou rebater as declarações antes de tomar a palavra.
“Quero falar para o vereador que jamais ofenderia o partido alheio, pois tenho respeito. Quero falar para o vereador que quem tem passado sujo é ele, não eu. Quem fez coisa errada no passado não fui eu. Aí o cara é homofóbico, não gosta de gay, de lésbica. Ele tem que respeitar a gente aqui porque não falei mal dele em momento algum, não sei porque se doeu. Quem é canalha aqui é ele”, disse.