Durante a sessão da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) nesta terça-feira (10), um debate acalorado tomou conta do plenário. A discussão teve início quando o deputado Daniel Almeida (Avante), irmão do prefeito David Almeida (Avante), mencionou o Governo do Amazonas ao comentar um crime ocorrido na noite anterior em uma UPA no bairro Cidade Nova. A partir disso, houve uma série de trocas de acusações entre os parlamentares.
O deputado Wilker Barreto (Mobiliza) criticou Almeida, afirmando que sua postura só mudou recentemente. “Fico feliz que Vossa Excelência começou a ter a coragem de representar o povo do Amazonas, porque enquanto a Prefeitura estava recebendo dinheiro do Estado, isso não entrou no seu raciocínio político”, declarou.
Em resposta, Daniel Almeida negou que houvesse um acordo financeiro com o governo estadual, alegando que a prefeitura sempre cumpriu seus compromissos, ao contrário do governador. “Nunca traímos ninguém e nós não temos nenhuma propensão para ser Judas traidor como o governador Wilson Lima tem se mostrado”, afirmou o deputado.
O debate se intensificou quando o líder do governo na Aleam, Felipe Souza (PRD), firmou que o ataque ocorrido na UPA foi realizado por uma facção criminosa em uma operação para eliminar traficantes na área externa da unidade.
Souza também destacou que o deputado Daniel Almeida ignorava as acusações de que seu irmão, o prefeito de Manaus, teria vínculos com facções criminosas, relembrando acusações feitas em 2020 e sugerindo que houve envolvimento do prefeito com o Comando Vermelho durante a eleição daquele ano. “Em 2020, quem foi que apoiou o teu irmão para prefeito de Manaus? Foi o governador Wilson Lima e, em 2022, o teu irmão apenas pagou a conta”, afirmou.
O político mencionou, igualmente, o repasse de R$ 900 milhões do Governo Estadual para a Prefeitura e cobrou uma prestação de contas sobre o uso desses recursos, incluindo obras prometidas pela administração municipal. “Eu sugiro a essa casa, senhores deputados, que nós possamos, sim, aqui fazer uma CPI desses 900 milhões enviados do Governo do Estado para a Prefeitura, para saber sobre essa malversação e esse mau uso dos recursos públicos por parte da Prefeitura de Manaus”, argumentou o parlamentar.
O debate se acirrou ainda mais quando Felipe Souza sugeriu a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o uso desses recursos pela Prefeitura. Em resposta, Almeida ironizou propondo uma CPI para investigar a Companhia Energética do Amazonas (Cema), envolvendo um sumiço de R$ 119 milhões.
A situação culminou quando os dois deputados começaram a trocar ofensas no plenário, com Daniel Almeida tentando interromper Felipe Souza repetidamente. A presidente da sessão, deputada Alessandra Campelo (Podemos), teve que intervir, cortando o áudio dos microfones e pedindo que os parlamentares se comportassem.
No final da sessão, Campelo acusou Daniel Almeida de ter chamado Felipe Souza para brigar fisicamente. Souza confirmou a provocação e anunciou que pretende acionar o Conselho de Ética da Aleam para que o caso seja investigado.