“Deputado não bate em deputado, senador não bate em senador e nós fica batendo aqui em nós, por quê?”, perguntou o vereador Sassá da Construção (PT) ao parlamento da Câmara Municipal de Manaus. Para ele, um vereador “entregar” o outro é “uma covardia”. Em seguida, disse: “Nós têm que se blindar, nós têm que ajudar um ao outro”, falou o vereador Sassá em plena sessão transmitida para toda cidade, hoje (19).
‘Nós’, os políticos; ‘eles’, o povo
Assim, sem vergonha, ao falarem “blindar” o vereador Sassá revelou, em público, um código não dito pelos parlamentares, o do corporativismo. Ou seja, uma proteção entre os próprios vereadores que ultrapassa as barreiras da lei, da moral, dos partidos e das alianças. “Nós não podemos julgar os nossos colegas. Quem tem que julgar é a Justiça, é o povo. […] Quem tem que investigar lá [no Portal da Transparência] é eles [jornalistas] e não é nós temos que investigar os nossos colegas”, ressaltou Sassá.
“Estou aqui para blindar nós também porque nós é pai de família. Nós somos do bem”, continuou Sassá. Além disso, o vereador exigiu a volta de benefícios como a “hora extra”. “Eu queria que voltasse ao que era antes. Antes, faltava e pegava falta, mas tinha [pagamento de] hora extra, tinha ‘não sei o quê’ e não acabou tudo? Eu defendo trabalhador, defendo aumento salarial. Às vezes nós fica aqui até 4 horas da tarde e ninguém ganha extra aqui não”
Medo só do meu segmento
Para finalizar, com chave de “sincericídio”, Sassá da Construção Civil disse que só se importa com a opinião dos que votam nele. “Não tenho medo que me critiquem lá fora não. Tenho medo sabe de quem? Do meu segmento, da classe trabalhadora em geral, do comércio, da construção civil, que eu tenho respeito, mas aqueles outros lá…”.
E toda a revolta de Sassá está baseada em outra fala, de uma sessão passada da Câmara Municipal de Manaus (CMM). Quando o vereador William Alemão (Cidadania) mandou uma indireta ao vereador Amom Mandel (Avante), acusando o colega de faltar as sessões. Isso porque Amom se recussou a usar a Cota de Exercício de Atividade Parlamentar (Ceap), mais conhecido como “cotão”.