Depois de Durango Duarte dizer que os deputados estaduais tem pouco poder de ação por conta da Constituição Federal de 1988, e insinuar que o trabalho dos parlamentares se resume a aprovar homenagens, a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) mostrou que também sabe retirar as honrarias que concede. Isso porque na sessão desta quarta-feira, 26, os deputados aprovaram a remoção do Título de Cidadão do Amazonas do publicitário.
Para concretizar a remoção do título, os deputados votaram, primeiramente, o Regime de Urgência da matéria. Neste ponto, o deputado Serafim Corrêa (PSB) foi contrário. “Acho que nessa hora a gente tem que jogar um balde de gelo na cabeça de todos nós, mas respeito a decisão da maioria”, disse o decano da Casa. Os deputados Wilker Barreto e Dermilson Chagas, ambos do Podemos, também se disseram contrários à urgência. E o deputado Sinésio Campos (PT) declarou, “Sou contra a forma com que está sendo conduzido”.
Apesar dos quatro votos contrários, a maioria conseguiu fazer a remoção do título de Durango tramitar rapidamente na Assembleia. Assim, foram apenas dois votos contrários, de Serafim Corrêa e Wilker Barreto, contra a maioria.
Turma do ‘deixa disso’
Sem sucesso, o deputado Serafim Corrêa apelou para que a matéria fosse retirada de pauta. “Vi a entrevista do Durango Duarte, não concordo com nada do que ele disse ali […] mas eu tenho que defender o direito dele expressar a sua opinião e as assumir as consequências.”, declarou Corrêa.
O mais velho parlamentar da Aleam continuou dizendo que entende a reação do jovem deputado, Fausto Junior, entretanto a idade ensinou que nessas horas é melhor ignorar. “Os cabelos brancos dizem que numa hora como essa, tem que jogar um balde de gelo. Porque esse vai ser o jogo do perde, perde”. E concluiu, “fica parecendo um gesto de vingança. Eu quero que a gente tenho um olha político, nós somos políticos”.
Quem também se mostrou contrário à revogação foi o deputado Wilker Barreto (Podemos). “Concordo em parte com as falas do jornalistas, e essa casa não pode ser a casa da inquisição.”, opinou o parlamentar da oposição. Em seguida, sugeriu que quem se sentiu ofendido deve procurar a Justiça.
‘Não é perseguição’
Por outro lado, a favor da revogação da lei que dá o Título de Cidadão Amazonense ao Durango Duarte falaram os deputados Delegado Péricles (PSL), o presidente da Casa, deputado Roberto Cidade (PV), Felipe Souza (Patriota), Belarmino Lins (PP), Saullo Vianna (PTB), Tony Medeiros (DEM) e, por último, claro, o autor da proposta, Fausto Junior.
Para Péricles, o problema da fala de Durango está na generalização. “Estou aqui todos os dias fazendo o meu trabalho e me dedicando muito para que chegue uma pessoa e generalize e fale desta casa como se fosse um todo”, criticou o bolsonarista. Já Cidade entende que o publicitário “afrontou” a Assembleia e os amazonenses.
Ainda na discussão, os deputados Felipe Souza, Saullo Vianna e o próprio autor da matéria explicaram que Durango quis devolver a homenagem. Por isso, eles acreditam que a revogação não se traduz em um ato de perseguição, mas sim em uma como uma forma de atender a vontade do publicitário. Entretanto, ignoram que a devolução, simbólica, se deu depois da proposta de remoção.
Cadê os deputados?
Mas, antes da votação foi preciso o presidente da Assembleia, deputado Roberto Cidade (PV), quase implorar pela presença dos parlamentares na sessão. Depois de chamar por duas vezes os deputados ao plenário, se iniciou uma discussão entre os presentes que propuseram uma reunião para tratar sobre a assiduidade deles nas sessões ordinárias, em especial durante a Ordem do Dia, momento em que os projetos são analisados.
Dessa vez, os apelos pela presença dos deputados estaduais no plenário, de forma física ou virtual, foram atendidas e a Assembleia fez a Ordem do Dia nesta quarta-feira. Entretanto, nem sempre é assim e essa ausência já rendeu “bronca” dos deputados Serafim Corrêa (PSB) – que esta semana voltou à Assembleia de forma presencial e não mais pela teleconferência – e de Belarmino Lins (PP) aos demais colegas de parlamento.