O senador Omar Aziz, que presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, e que por isso é visto como um inimigo por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), esticou a corda de vez, ao declarar publicamente apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidatíssimo nas eleições de 2022. As declarações deixaram as lideranças petistas no Amazonas, que estiveram em palanque oposto ao de Omar nos últimos pleitos, numa situação que, embora não seja delicada, também não é tão simples de administrar.
Para os petistas do Amazonas, Aziz não é visto como um político de esquerda, mas sim de centro. Ao saberem da reunião que o senador teve com Lula, lideranças como os deputados federal Zé Ricardo e estadual Sinésio Campos preferiram elogiar o ex-presidente pela disponibilidade para dialogar.
Ato democrático
“Neste momento estamos focados na reconstrução do Brasil. Com isto, estamos abertos ao diálogo com todos e todas que querem ver o nosso país prosperando novamente. Definições políticas serão tratadas lá na frente”, disse Sinésio Campos, que é presidente estadual do Partido dos Trabalhdores (PT), no Amazonas.
Outro nome forte do PT no Amazonas, o deputado federal Zé Ricardo, também preferiu exaltar a agenda aberta de Lula, mas sem deixar de criticar, ainda que de forma velada, uma certa conveniência no posicionamento de Omar.
“Se o senador vai apoiá-lo, eu não sei, mas o diálogo mostra como Lula é democrático e conversa com todo mundo para poder construir uma proposta para reconstruir o Brasil. Muita gente vai ter interesse em apoiar o Lula. É interessante: quando Lula tem grandes chances muita gente aparece para dizer que está com ele. Entendo também que esse possível apoio é de Omar para Lula. O contrário, não estou sabendo ou entendendo que haja isso”, concluiu, ao ser perguntado como o eleitorado de esquerda poderia receber essa possível aliança.
Omar e Lula aparecem juntos
Em um post no twitter, Omar posou ao lado de Lula e escreveu um texto relembrando a época em que foram contemporâneos de mandato, com Aziz governador do Amazonas e o petista presidente do Brasil, em 2010.
“Estive hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e conversamos sobre o Amazonas e o Brasil. O diálogo aberto e a defesa da democracia são fundamentos da política, os quais sempre defendi em toda a minha vida. O presidente falou com muito carinho sobre o futuro do Amazonas e dos amazonenses. Precisamos voltar a avançar. Precisamos voltar a pensar em um projeto para o Brasil. Precisamos voltar a pensar em cada cidadão brasileiro. Precisamos voltar a ser uma nação”, diz Omar, que em 2022, deve tentar a reeleição ao senado.
Assim como grande parte do conteúdo postado por Omar desde que ele assumiu a função de presidir a CPI da Covid, a publicação recebeu muitas críticas, não apenas de apoiadores de Bolsonaro, mas também por parte de seguidores aparentemente entusiastas de de uma “terceira via”, expressão popularizada para denominar uma alternativa que possa competir em popularidade com Lula e o atual presidente.
CPI da Covid
Presidente da CPI da Covid, Omar virou um dos alvos dos apoiadores mais inflamados de Bolsonaro. A investigação chegou ao fim recomendando o indiciamento do presidente por nove crimes: prevaricação; charlatanismo; epidemia que resulta em morte; infração a medidas sanitárias preventivas; emprego irregular de verba pública; incitação ao crime; falsificação de documentos particulares; crimes de responsabilidade; e crimes contra a humanidade.