O ex-superintendente da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) Thomaz Nogueira disse, nesta sexta-feira (1°), que as empresas da ZFM não esperavam o “amadorismo” do governo federal ao comentar o novo decreto de redução do IPI publicado no Diário Oficial.
Na quarta-feira (30), o jornal Folha de S. Paulo adiantou que o Ministério da Economia pretendia atender parcialmente o pedido da bancada amazonense e retirar do desconto fiscal apenas alguns dos itens produzidos na indústria amazonense. Nesta sexta, o novo decreto manteve o corte linear do imposto em 25% até o dia 1° de maio.
‘Amadorismo’
Para Nogueira, que esteve à frente da Suframa entre 2012 e 2014, a medida não reduz os preços dos produtos nacionais, mas abre a porta para importados e para o desemprego.
“Aumento de imposto tem de esperar 90 dias, depois da publicação, para valer. A estratégia de Bolsonaro é a do fato consumado. O compasso de espera deve ceder lugar as decisões empresariais. O dano na Informática é imediato”, disse.
Ele explica que as empresas, confiando na palavra do presidente Jair Bolsonaro (PL), já estavam com seus sistemas preparados para aplicar as mudanças prometidas. “Como postergou para 1° de maio, tem de mudar tudo de novo”, completa.
Além de prejudicar a indústria amazonense, o decreto prejudica estados e municípios, já que o IPI é compartilhado entre os entes federativos. Uma estimativa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), dá conta de que o prejuízo para o Amazonas deve chegar a R$ 253 milhões nos próximos três anos.
Parlamentares criticam decreto
Outro nome a se manifestar foi o deputado federal Marcelo Ramos (PSD). “A economia e o povo amazonense não podem ficar sujeitos aos caprichos de quem quer que seja. […] O presidente precisa cumprir sua palavra com o povo do Amazonas”, disse o vice-presidente da Câmara dos Deputados.
Para o também deputado Zé Ricardo (PT), o descumprimento da promessa mostra que Bolsonaro e Guedes “detestam” o Amazonas. “A Zona Franca levou um duro golpe que ameaçou a vida de milhares de amazonenses”, disse o petista.
O senador Eduardo Braga (MDB) foi além e disse que, com o decreto, “poderemos viver a maior crise de desemprego da história do Amazonas”.
“A decisão de reduzir o IPI em todo o Brasil sem dar a devida exceção ao que é produzido na Zona França de Manaus é uma atitude covarde contra o Amazonas, contra a nossa economia e contra os empregos da nossa gente”, criticou o senador, que pretende concorrer ao governo do estado nas eleições de outubro.