O vereador Amom Mandel (Cidadania) reclamou de uma homenagem proposta em favor do pai do vereador David Reis – presidente da casa legislativa municipal – e ex-secretário da Secretaria Municipal de Limpeza (Semulsp), Sabá Reis (Avante).
O nome de Sabá ganhou destaque em Manaus primeiro por ele ser um dos secretários suspeitos de furar a fila da vacina e, mais recentemente, figura na imprensa porque o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), cogita colocá-lo como candidato a vice-governador do Amazonas.
Após o protesto, Amom Mandel foi rebatido por outros vereadores. Resultado, a discussão ficou acalorada entre o mais jovem vereador de Manaus e outro estreante do parlamento, Lissandro Breval (Avante). O incomodo de Breval com a reclamação contra a proposta era previsível, uma vez que ele é o autor do Projeto de Decreto Legislativo nº 010/2022, que pretende dar a “Medalha de ouro cidade de Manaus” ao ex-secretário.
Homenagem às vésperas da eleição
O ano eleitoral foi o principal motivo elencado por Amom Mandel para Sabá Reis não receber a homenagem “pelos relevantes serviços prestados à sociedade manauara”, como descreve o Regimento Interno sobre quem pode receber a referida medalha.
“Quero adiantar meu voto favorável à medalha que está sendo concedida ao Sabá, no entanto, quero deixar um protesto. […] Acredito que a concessão da medalha e a proposição desse projeto são artifícios políticos e não deveriam ser utilizados para tal. Artifícios políticos e eleitorais para beneficiar possíveis candidatos”, disse Mandel.
Amom assinou
Além de autor da proposta de homenagem, Lissandro Breval é líder do partido do partido do homenageado, Avante, na Câmara Municipal de Manaus e argumentou contra a relação entre a homenagem e o período eleitoral.
“Não houve, em momento algum, a relação eleitoreira citada pelo vereador Amom. Isso é óbvio para quem quer ver. Eleitoreiro é você assinar a homenagem e fazer esse tipo de discurso aqui. […] Quer dizer que esse ano a gente não vai poder fazer nada?”, rebateu.
‘Lave a boca antes de falar de mim’
Outros vereadores, entre eles, Eduardo Asssis (Avante), Professora Jacqueline (União Brasil), Everton Assis (União Brasil), Luis Mitoso (PTB), também declararam-se irritados com as palavras de Amom. Tanto se falou do jovem parlamentar que ele ganhou direito de resposta e mandou Breval “lava a boca”.
“Mais cedo o vereador Lissandro Breval citou que é preciso ter coerência e seriedade nas palavras quando se referiu a mim. Exerço, portanto, o direito expresso na Constituição Federal para dizer que o vereador tome muito cuidado e lave a boca antes de falar esse tipo de coisa ao se referir à minha pessoa”, disse, ao passo que Lissandro Breval retrucou, fora dos microfones, inaudível na transmissão ao vivo da Câmara.
Foi preciso que o presidente da sessão, Caio André (PSC), chamasse a atenção do líder do Avante, que visivelmente irritado, permitiu que Amom Mandel continuasse com a palavra.
“Vereador, me respeite. Lave a boca antes de falar de mim dessa forma e não interrompa os pronunciamentos da forma como fez anteriormente. Cumpra seu papel como parlamentar que eu estou cumprindo o meu. Respeite as minhas opiniões”, concluiu Amom.
Nova homenagem a Sabá
Rodrigo Guedes (PSC), que também declarou voto favorável à concessão da medalha, lembrou da recente sessão que foi suspensa para que Sabá Reis receber uma homenagem em plenário. No último dia 31 de março, data do episódio, era dia de votação, que por conta do evento, claro, não aconteceu.
“Minha ponderação é apenas pedir gentilmente que as homenagens não sejam feitas em dias de sessões plenárias. Já perdemos várias para a realização de homenagens. Perdermos um dia de trabalho, tanto do Pequeno Expediente quanto do Grande Expediente e a Ordem do Dia […]”, solicitou Guedes.
Após a confusão, a homenagem foi promulgada, ou seja, aprovada e Sabá Reis receberá a honraria, em breve.