Quem tem dinheiro guardado e quer fazer com que ele se torne mais que uma reserva financeira tem algumas opções pela frente: transformar esse dinheiro em investimentos ou trilhar o caminho do próprio negócio. Mas para isso, informação e planejamento são as palavras-chave.
Colocar no papel informações básicas sobre o mercado, os custos e entender as diferenças entre os tipos de aplicações financeiras são essenciais para alinhar as expectativas e garantir o retorno do valor aplicado. É o que explica o gerente de competitividade do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), César Rissete.
Empreendedorismo em alta
Para se ter uma ideia, em 2020, houve um recorde na formalização de novos negócios no país, com alta de 6% em relação a 2019, de acordo com o boletim do Mapa de Empresas, do Ministério da Economia. Das 3,3 milhões de empresas abertas nesse período, 79% (2,6 milhões) foram microempreendedores individuais (MEI).
De acordo com Rissete, a participação dos pequenos negócios no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro se aproxima de 30%. Além disso, são fontes de geração de emprego e representam hoje 56% dos trabalhos com carteira assinada.
A pandemia de covid-19 reforçou essa tendência de crescimento das micro e pequenas empresas, segundo Rissete, pois muitas pessoas tiveram dificuldade de colocação no mercado formal ou perderam seus empregos e tiveram que ir atrás do sustento de outra maneira.
Por outro lado, a burocracia é, geralmente, um grande impeditivo para empreendedores que desejam conquistar resultados rápidos. Tanto abrir quanto manter um negócio exige passar por algumas documentações, demandando tempo e paciência.
Dicas práticas
Para quem tem dúvidas sobre qual a melhor opção, o gerente explica que depende muito do seu perfil e dos resultados que você deseja alcançar, mas separamos algumas dicas práticas para te ajudar a fazer a melhor escolha:
- No geral, empreender demanda mais tempo e os resultados demoram mais a aparecer. “Normalmente, os empresários não lucram nos primeiros anos e precisam sempre reinvestir uma parte do faturamento na própria empresa”, destaca.
- Investir é uma atividade mais passiva. É como se o seu dinheiro trabalhasse por você. “É o ideal para quem já tem um emprego e quer uma renda extra”, comenta.
- Investimentos são mais maleáveis. “Hoje, você tem uma infinidade de investimentos, cada um com uma característica. Você pode começar investindo valores baixos, como R$ 100, e ir aprendendo como o mercado se comporta, como as ações te retornam financeiramente”, explica.
- Empreender tem um papel social. “Começar seu próprio negócio pode trazer um impacto positivo para a comunidade em que você se insere. É algo que pode ser muito recompensador e mudar não só a vida, como a de familiares, amigos e vizinhos”, conta.
- O processo de abrir uma empresa (e mantê-la) no Brasil é muito burocrático e cansativo. Por outro lado, consultorias na hora de investir também consomem uma boa parte dos seus ganhos.
Investimentos como bons retornos ou são de médio e longo prazo ou são de alto risco. Da mesma forma, consolidar uma nova empresa leva tempo e demanda outros esforços, como marketing e comunicação. No fim, a opção por investir ou empreender (ou até mesmo fazer os dois) é pessoal e deve ser tomada levando em conta a realidade e as expectativas de cada um.
Planejamento
Segundo o gerente do Sebrae, não é necessário um planejamento exaustivo, que leve muito tempo, mas o empreendedor, mesmo por necessidade, precisa ter o mínimo de conhecimento sobre sua área de atuação, o mercado e o público que vai atender.
Para Rissete, mesmo com pouco tempo é possível se preparar. O principal esforço do investidor está na pesquisa de mercado e nos conhecimentos sobre o universo financeiro. Além disso, é preciso fazer o mínimo de contas e ter claro o custo para entrar no mercado.
Reservas pessoais
Outro ponto importante é ter uma reserva financeira pessoal, já que o negócio próprio pode levar de um a dois anos para começar a dar um resultado positivo e investimentos mais arriscados podem não oferecer o rendimento esperado.
Também é fundamental estar ciente dos objetivos de curto, médio e longo prazos. Traçar essas perspectivas significa avaliar a expectativa de vida e os planos nos próximos um ou dois anos (curto), cinco anos (médio) e dez ou mais anos (longo).