Na vida, o sucesso de determinadas coisas depende de fazer a coisa certa, na hora exata. Quando se faz um bolo por exemplo, usar a quantidade incorreta de fermento, ou usá-lo de maneira errada, vai fazer com que você chegue a todo tipo de resultado, menos a um café da tarde do jeito que você imaginou, com uma massa fofinha e saborosa. Mas calma, o assunto não é culinária.
No mundo dos negócios, assim como na cozinha, a ordem dos fatores pode sim alterar o resultado, um passo em falso pode botar a perder todo o esforço feito anteriormente para seu trabalho dar certo. Às vezes, a “massa” pode desandar justo num momento em que tudo parece bem. Você misturou os ingredientes, bateu bem, mas por algum motivo, dentro do forno, seu bolo saiu solado ou cresceu tanto que caiu pra fora forma.
Agora imagine que o forno é o mercado, que vai colocar à prova todo o seu planejamento, e o fermento é a equipe que vai fazer seu bolo crescer.
Hora de crescer?
A hora certa de aumentar a equipe é um dos jeitos de “manipular o fermento” que mais causa dúvida em muitos empreendedores, principalmente os de primeira viagem.
Nos últimos anos, o Brasil bateu recordes no número de novos negócios abertos, com mais de 7 milhões de CNPJs novinhos em folha no mercado. Mas a média brasileira de empresas que sobrevivem após cinco anos de fundação e conseguem desfrutar de um bolo quentinho e saboroso é inferior a 40%.
Não tem experiência? Então tenha paciência
Com Jamile Galvão, 30, que em 2016 ajudou a fundar a empresa de comunicação que atualmente lidera, sendo esta sua primeira experiência com um negócio próprio, o processo foi feito de forma gradativa, com o objetivo de dar sempre passos à frente, sem precisar retroceder. Na prática, quando ainda não tinha todo o conhecimento que possui atualmente, ela apostou na paciência para chegar à massa perfeita.
“No nosso primeiro ano de existência, minha equipe era o designer que tínhamos para atender às demandas dos primeiros clientes que conseguimos. Conforme mais contratos foram acontecendo, trouxemos uma publicitária no segundo ano e assim chegamos a 2022 com uma equipe de quatro pessoas no total, mais prestadores de serviço que atuam conosco de forma esporádica. Sempre tivemos cautela para não dar um passo maior que a perna”, disse.
Quando a pandemia veio e o número de clientes caiu, Jamile conta que o foco foi manter, mesmo com muitas dificuldades, a equipe na íntegra, para que quando fosse a hora de ligar o forno novamente, ou seja, quando o mercado desse condições de recuperação, a empresa conseguisse se reerguer.
“Eu sempre tive em mente que o primeiro passo para a dissolução da empresa era a dissolução da equipe, então quando passamos por nosso momento mais difícil, quando vários clientes interromperam ou suspenderam contratos, fizemos os sacrifícios possíveis para não demitir ninguém. Foi muito difícil, mas conseguimos manter toda a nossa equipe e o resultado é notório”, concluiu.
“Com o mercado aquecendo outra vez, nossa expectativa é voltar em breve para o patamar em que estávamos antes da pandemia, e claro, expandir num futuro próximo” – Jamile Galvão
Receita de bolo? Calma lá
Para o mentor de negócios e mestre em gestão industrial, Rogério Oliveira, não existe uma receita de bolo para fazer um negócio dar certo, mas seguir exemplos que tiveram sucesso pode garantir ao microempreendedor, por exemplo, uma fatia generosa no mercado.
“Um dos principais desafios é ter um objetivo claro, conhecer muito bem as condições do seu negócio, concorrentes, público alvo, conhecimento do mercado e as finanças, e com todas essas informações construir uma estratégia. A partir desse ponto, deve-se construir um plano de ações para colocar essa estratégia em prática e ajustar ao longo do caminho, sem perder de vista o objetivo traçado”, explica.
E o momento ideal para fazer um negócio crescer, na visão de Rogério, é aquele em que a demanda supera aquilo que pode ser ofertado com qualidade.
“Quando o empresário percebe que a sua equipe não está mais conseguindo entregar toda a demanda dos clientes, estão com 130% do seu tempo comprometido, ou quando fecham um contrato novo e precisam de um ou mais profissionais para entregar os produtos ou serviços. Portanto, a sequência é: ter demanda para contratar e aumentar a equipe, e não contratar para depois procurar clientes”, concluiu.