O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) sabia, há mais de nove meses, que o trecho da BR-319 onde duas pontes desabaram apresentava “riscos iminentes” aos motoristas, segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo.
Ao todo, quatro pessoas morreram, 14 ficaram feridas e uma ainda está desaparecida após a queda da primeira ponte, no dia 28 de setembro, no rio Curuçá. Uma segunda ponte desabou no dia 8 de outubro, no rio Autaz-Mirim, cerca de dois quilômetros após o primeiro desabamento.
Na segunda-feira (10), o governo do Amazonas chegou a decretar situação de emergência pelo risco de desabastecimento nos municípios de Careiro, Careiro da Várzea e Manaquiri.
Relatório do Dnit
No documento ao qual a Folha teve acesso, os técnicos do Dnit apontam situação de emergência no trecho entre os kms 13 e 178,5 da rodovia federal, “haja vista as condições em que se encontra a BR-319, bem como os riscos iminentes aos quais se expõem os usuários que nela trafegam, devido à situação calamitosa de trafegabilidade no trecho mencionado”.
Um portaria, assinada pelo superintendente do Dnit no Amazonas, Afonso Lins Júnior, e datada do dia 28 de dezembro de 2021, declarou situação de emergência na rodovia.
A decisão tomada pelo órgão nacional, à época, foi contratar, em caráter emergencial, a empresa paranaense A.G.O. Engenharia de Obras para recuperar erosões no trecho, a um custo total de R$ 33,8 milhões. O contrato, no entanto, foi rescindido pelo próprio Dnit, alegando que a empresa apresentou “baixo desempenho de suas atividades”.
À Folha, o Dnit explicou que “as erosões citadas contemplam diversos pontos da rodovia, sem adentrar na manutenção de pontes”. O órgão também afirmou que uma equipe técnica está no Amazonas para coleta de dados e investigação sobre possíveis causas dos desabamentos.
MPF investiga desabamentos
Após os desabamentos, o Ministério Público Federal no Amazonas (MPF-AM) passou a investigar o caso. Em setembro, o Dnit informou ao MPF que o contrato para a realização de obras emergenciais havia sido concluído.
Os procuradores pediram mais informações ao órgão do governo federal, que tem até o próximo dia 17 de outubro para apresentar as explicações.