A desinformação dolosa – DD, maliciosa, amplificada com o uso massivo da internet, vulgarmente chamada de fake news, apresenta seu acólito (ajudante), a DeepFake.
Essa recente técnica, chamada de Deepfakes, proporciona a criação de áudios, imagens e principalmente vídeos, que circulam na internet.
Você sabe diferenciar um vídeo, ou áudio ou imagem, falso de um verdadeiro?
Você sabe o que é DeepFake e quando ela se originou?
Será que a DeepFake é maléfica ou benéfica?
O que fazer se você for vítima de DeepFake? Há legislação para isso?
Essas são algumas perguntas que procurei responder, no nosso diálogo de hoje. E adianto que o assunto é instigante.
O jornalista Bruno Sartori, conhecido no Brasil como o rei das deepfakes, ficou reconhecido por criar vídeos falsos de paródias ultrarrealistas, de políticos e celebridades. Você pode conhecer um pouco do trabalho dele, acessando o YouTube ou nessa entrevista que Sartori deu à Revista Trip (clique aqui).
O que é DeepFake?
Em 2017, há o primeiro registro do uso do DeepFake. Isso quando o aplicativo, chamado de Reddit, divulgou, através de seu usuário, um vídeo falso com atrizes de Hollywood. Nas cenas, os rostos delas foram inseridos em vídeos pornográficos. Registro, que desde a sua criação até hoje, as mulheres são as maiores vítimas da DeepFake. Mas, faremos um texto específico sobre esta estatística em outro momento.
A DeepFake evolui e utiliza a tecnologia digital, chamada de IA – Inteligência Artificial – onde essa tecnologia visa recriar o sistema neural biológico do ser humano, mas de forma artificial. Assim, surgem as Redes Neurais Artificiais (RNA).
Redes Neurais Artificiais
As Redes Neurais Artificiais, apresentam subdivisões no seu desenvolvimento e técnicas, para a DeepFake:
- A Redes Convolucionais (CNN, do inglês Convolutional Neural Networks), foi a utilizada em 2017 nos vídeos disponibilizados no Reddit, já citados acima;
- Na sequência vieram as Redes Generativas Adversárias (GANs, do inglês Generative Adversarial Networks), que facilitou e popularizou o uso da DeepFake. A novidade até disponibilizada via mobile – celular e smartfone – materializada através dos aplicativos FaceApp (FaceApp, 2017) e ZAO (LOUBAK, 2019).
Há também os aplicativos mobile, de fácil utilização, mas não sabemos se as imagens têm uso autorizado: Reface, Jiggy, Impressions.
Dentro do desenvolvimento da Inteligência Artificial, há a Rede Neural Artificial, chamada de deep Learning, que é o aprendizado de máquina profunda.
Logo, DeepFake é a junção do Deep (de DeepLearning) e fake (falso), para denominar a manipulação, de imagens, vídeos ou áudios, com uso de Inteligência artificial. Ou seja, os algoritmos de aprendizado de máquina. Com isso, visando alterar as identidades de pessoas, locais ou animais, suas ações ou o que falaram. Assim, é pensado e criado com algum fim.
Recentemente, as técnicas já citadas para produção de DeepFake vem se aprimorando, tornando-se a cada dia mais difícil detectá-lo.
Não identificável a olho nu
No início, a partir de 2017, identificava-se DeepFake, devido algumas anomalias em vídeos, como: o movimento natural das sobrancelhas e dos olhos; os olhos não piscavam corretamente; a boca não está em sincronia com a fala, assim como lábios e língua; alteração na cor da pele.
Atualmente, com a dificuldade recente em identificar-se a DeepFake, ocasionada pela evolução dos algoritmos de aprendizagem de máquina; refinamento das técnicas de criação de DeepFake; barateamento para desenvolvimento de de DeepLearning; acrescido da disponibilização de software livre na internet para aprimoramento da DeepFake, passou-se a criar algoritmos para detectá-la.
Comprova-se que só o olhar e a habilidade humana não são mais capazes de identificar as DeepFake, necessitando da própria tecnologia digital para identificá-la, ou seja, por meio de algoritmos.
Em 2019, foi promovido por empresas privadas, um desafio, competição, para dialogar sobre DeepFake e buscar formar e desenvolver algoritmos para detectá-las, o DeepFake Detection Challenge. O facebook foi uma das empresas que promoveu a competição, o que demonstra a sua preocupação e o desenvolvimento de soluções pelas BigTechs (Facebook, Google, Apple) para detectar DeepFake.
DeepFake é maléfica ou benéfica
Quando criado, a manipulação de vídeo, imagem ou áudio para prejudicar algo ou alguém, sim a deepfake é maléfica. São inúmeros os vídeos e imagens, pornográficas e nudes criados, maleficamente utilizando a DeepFake, que já prejudicaram e atingiram várias pessoas pelo mundo, famosas ou não.
Assim, como criadas utilizando políticos para prejudicar sua carreira ou interferir durante a campanha eleitoral.
Em relação apenas ao áudio, criado com deepfake, já ocorreu de uma empresa quase ser vítima de áudio falso do seu CEO, dando determinações aos funcionários da empresa para finalizar negócio jurídico.
Assim, a deepfake maléfica, com o fim de desinformação, é mais difícil de identificar e combater do que a fake news. Pois, não é apenas um texto, mas um vídeo ou áudio falso, para disseminar desinformação.
Lado bom
Mas, há a DeepFake benéfica, que já são utilizadas em filmes, em Hollywood, Netflix, etc. Isso porque ela é usada para recriar um vídeo, imagem, antigo ou que não exista mais. Assim, como utilizada como comédia, humor, com autorização expressa da própria pessoa.
O mundo da arte já utiliza as técnicas de DeepFake em sua criação. Também na reconstrução, de telas, imagens arquitetônicas, esculturas, e etc.
Então, ao falar em DeepFake, deve-se ter cautela para não apenas demonizá-la, pois há os seus benefícios.
O que fazer se você for vítima de DeepFake? Há legislação?
A liberdade de expressão como princípio fundamental na Constituição Federal do Brasil, precisa prevalecer. Logo, não se deve criar legislação para proibir a DeepFake, até porque há o seu lado benéfico.
Não há, no Brasil, legislação que regule especificamente a desinformação muito menos DeepFake. Mas, para quem for vítima de deepfake, pode sim, dependendo de cada caso e seu conteúdo, buscar a responsabilização civil e criminal de quem a criou, curtiu ou compartilhou. Utilizando a legislação em vigor.
Então, sempre desconfie do que você vê e ouve na sua vida digital.
Até a próxima semana