Destaque na esfera privada nos últimos anos, a sigla ESG (Environmental, Social, Governance – Ambiental, Social, Governança) representa três elementos fundamentais usados para avaliar o desempenho das empresas em relação a questões ambientais, sociais e de governança. Essa abordagem passa a ser aplicada na preservação da água, que é essencial não somente para a sobrevivência do planeta como para atividades econômicas sociais.
Ao considerar o pilar ambiental do ESG, as empresas podem adotar práticas e políticas que reduzam o consumo de água, minimizem a poluição e preservem os recursos hídricos. Isso inclui a implementação de tecnologias mais eficientes no uso de água, a adoção de processos de produção mais limpos e a gestão responsável dos resíduos líquidos.
Ciência
No caso da cidade de Manaus, onde a concessão do serviço de águas é de propriedade da empresa Aegea, existem algumas políticas voltadas para a abordagem ESG. No ano de 2022, a empresa levou estudantes da capital para conhecer a Estação Fonte do Saber. O espaço é o primeiro museu interativo de ciências da cidade e oferece aos visitantes o contato com o ciclo da água, em um ambiente que simula um laboratório de ciências com atividades lúdicas e interativas.
Além disso, a visita conta com simulações que ajudam na compreensão sobre o consumo de energia nas unidades de tratamento de água e esgoto. Os visitantes também têm a oportunidade de assistir a palestras com foco em educação ambiental e de participar em ações interativas, que mostram a importância da população na preservação da vida no planeta, e como essa contribuição se dá nas atividades do dia a dia.
“Trabalhar a educação ambiental desde cedo é uma das missões mais importantes que temos. A Fonte do Saber está aberta para grupos de todas as idades, mas acabamos recebendo muitas escolas, com crianças, e isso é muito gratificante, porque há uma atenção diferenciada, há um interesse porque tudo é novo. Esse projeto iniciou no ano passado com esse objetivo de despertar o olhar para a sensibilização ambiental por meio do lúdico”, explica Semy Ferraz, Relações Institucionais da Águas de Manaus.
Falta de mais políticas
As iniciativas ESG na Amazônia são relativamente novas. Especialistas fazem reiteradas críticas à falta de novas políticas ambientais para a Amazônia. O engenheiro florestal Mariano Cenamo, Diretor-executivo de Novos Negócios do Idesam — Conservação e Desenvolvimento Sustentável, destacou que falar em ESG sem atuar contra o desmatamento da floresta é ‘tapar o sol com a peneira’.
“Não quero desmerecer nenhuma iniciativa, é ótimo ver o movimento de tantas empresas dispostas a melhorar seu desempenho na agenda ambiental, social e de governança. Mas, quando o assunto é Amazônia, tenho visto mais discurso do que prática. E isso precisa mudar. O setor privado precisa assumir a posição de protagonista. Precisamos ver grandes investimentos”, afirmou em entrevista aos membros da Convergência pelo Brasil — iniciativa criada por ex-ministros da Fazenda em 2020.
A instituição foi responsável por conduzir um estudo de ‘Boas Práticas Empresariais na Amazônia’, visando compreender o papel do setor privado para a preservação dos recursos naturais da região, incluindo a água.
“Não existe uma única resposta. Mas todos apontam para uma mesma direção: nos próximos anos, as empresas deverão ter um papel protagonista para a construção de um novo modelo de desenvolvimento que será o grande diferencial do Brasil na economia global. Isso inclui tanto empresas que operam diretamente na Amazônia, as que não estão localizadas na Amazônia, mas compram produtos ou insumos locais, e até mesmo aquelas que não possuem qualquer relação com a região, mas passarão a operar para atingir metas ESG ou para contribuir com a redução de emissões de carbono no Brasil”.
Além do combate ao desmatamento, outras iniciativas que as empresas do setor privado buscam investir na abordagem ESG incluem o incentivo à economia sustentável, como a agricultura familiar e a bioeconomia, e a proteção das populações indígenas, consideradas as maiores responsáveis pela preservação do ambiente na região amazônica.