Políticos amazonenses lamentaram o assassinato de Marcelo Aloizio de Arruda, de 50 anos, morto a tiros neste fim de semana na própria festa de aniversário em Foz do Iguaçu (PR). A polícia paranaense investiga o crime como um caso de intolerância política.
Marcelo era guarda civil e tesoureiro do diretório local do Partido dos Trabalhadores (PT), sua festa de aniversário tinha como tema o próprio PT e o ex-presidente Lula. Os disparos foram feitos por Jorge José da Rocha Guaranho, policial penal federal e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo o boletim de ocorrência, Guaranho chegou ao local por volta das 23h, aos gritos de “aqui é Bolsonaro”. O policial penal chegou a ameaçar os presentes dizendo que mataria “todos vocês, seus desgraçados”. Alguns minutos depois, o homem retorna e dá início aos disparos.
Manifestações
A repercussão do episódio movimentou boa parte do mundo político em um contexto de polarização e tensão pré-campanha eleitoral. O ex-presidente Lula prestou solidariedade a familiares e amigos de Arruda e disse que o policial penal foi influenciado pelo “discurso de ódio estimulado por um presidente irresponsável”.
Ainda no domingo (10), o deputado federal Zé Ricardo (PT) prestou solidariedade à família e amigos de Marcelo. “É um absurdo o que está acontecendo no Brasil. Infelizmente, com esse presidente que fomenta o ódio e é incompetente para resolver os problemas sociais do país, não tem jeito”, disse o parlamentar.
O senador Omar Aziz (PSD) também lamentou o ocorrido. “Triste ver o que o discurso de ódio tem provocado em nosso país. Famílias destroçadas pela intolerância e desrespeito à vida. […] Não podemos permitir que essa escalada de violência motivada por divergências políticas continue”, pontuou.
Para o deputado federal Marcelo Ramos (PSD), o governo do presidente Jair Bolsonaro alimenta um ambiente perigoso para a democracia e para a vida das pessoas. Pelas redes sociais, o senador Eduardo Braga (MDB) também lamentou o radicalismo.
A ex-senadora Vanessa Grazziontin (PCdoB) classificou o assassinato de Marcelo como “um ato de barbárie” e atribuiu o presidente Jair Bolsonaro como “o principal incentivador da violência”. O deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) também atribuiu ao presidente a radicalização e o ódio que levaram ao crime.
O ex-prefeito de Manaus Arthur Neto (PSDB) também lamentou o caso e destacou que um adversário não é, necessariamente, inimigo. “Só se chega às convergências pela convivência democrática, pela tolerância e pelo respeito à vida e ao futuro dos nossos descendentes”, ressaltou.
Moção de repúdio
Já nesta segunda-feira (11), o vereador Sassá da Construção Civil (PT) protestou na tribuna da Câmara Municipal de Manaus (CMM). “Nós queremos paz. Esses ataques ao jornalismo, à sociedade, apontando arma, jogando bomba em comício: isso não é democracia, isso é desespero”, denunciou.
Em sua fala, Sassá criticou o ambiente de polarização e citou o ambiente de diálogo entre vereadores de diferentes posições políticas, propôs ainda o apoio dos colegas para a aprovação de uma moção de repúdio contra o ódio.
O vereador lembrou que não houve registro de atentados durante as passagens do presidente Jair Bolsonaro pela capital amazonense e pediu para que bolsonaristas respeitem Lula quando o ex-presidente vier a Manaus. “Fique em casa, da mesma forma que nós respeitamos o seu presidente”, disse.
‘Briga’
Já em Brasília (DF), Bolsonaro minimizou o assassinato de Marcelo e disse, em uma live transmitida pelas redes sociais, que o caso foi “uma briga entre duas pessoas”. O presidente usou o assunto para lembrar o caso da facada que levou em 2018. “Agora, ninguém fala que o Adélio é filiado ao Psol”, pontuou Bolsonaro.
Adélio Bispo, autor da facada em Bolsonaro, foi filiado ao Psol em 2014, mas já não era mais integrante do partido quando cometeu o crime.
Na noite de domingo (10), o presidente divulgou uma nota em suas redes sociais repetindo o texto publicado em 2018, quando um petista foi morto em Salvador (BA) por outro de seus apoiadores. Na nota, Bolsonaro diz não querer apoio de pessoas que cometam violência e culpou a esquerda pelos episódios de ataques violentos.