As sessões híbridas, onde uma parte dos deputados participa presencialmente e outra de forma virtual, através de videochamadas, pode estar com os dias contados na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). Nesta quarta-feira (1º), dia de votação, alguns parlamentares presentes se irritaram com a falta de quórum para o início dos trabalhos e levantaram a possibilidade de articular uma resolução para derrubar o formato de imediato. A princípio, uma reunião foi marcada, para a próxima terça-feira (07), para discutir o assunto internamente.
Nesta terça-feira (30), o deputado Sinésio Campos (PT) apresentou um requerimento solicitando que as sessões híbridas fossem canceladas. Ele ressaltou que os parlamentares estão com a imunização em dia e alfinetou colegas que estariam se valendo da participação por vídeo para não participar presencialmente de forma opcional.
Moda praia
“Muitas vezes estamos tendo problemas de quórum, porque muitos deputados e deputadas continuam confinados e não existe mais confinamento. Ou as pessoas estão presentes nas terças, quartas e quintas ou então justifique as suas ausências. No período da Covid era justificável, agora não tem porque”, frisou o petista.
Sinésio Campos também criticou a postura de colegas que participam das sessões remotamente, citando inclusive a vestimenta dos parlamentares. “Vejo inclusive até como os deputados se apresentam. Mesmo quando estou fora daqui [do plenário], faço questão de me apresentar de paletó e gravata. Agora o cidadão está, parece, de bermuda, tipo o Cid Moreira, camisa havaiana”, cutucou o deputado Belarmino Lins (PP), que costuma aparecer no vídeo com um estilo que foge do rito da casa legislativa.
A favor
Outros deputados também se mostraram a favor do fim das sessões híbridas, como o deputado Adjuto Afonso (PDT). “Vamos ter um dezembro intenso de votações e provavelmente não teremos quórum porque as pessoas vão lá, botam uma plaquinha, dizem que estão e não estão. O Tribunal de Justiça, o poder judiciário, o Tribunal de Contas, todos já estão [atuando em regime] presencial, então não tem por que essa casa continuar [com as sessões híbridas]”, disse.
Contra
Mas tem quem defenda o formato. O líder do governo na casa, deputado Felipe Souza (Republicanos), que participou nesta quarta de forma presencial, acredita que derrubar as sessões híbridas é um retrocesso. “Isso permite a maior participação dos parlamentares nas sessões. É um equívoco achar que acabando com a sessão híbrida vai aumentar a participação dos parlamentares. Às vezes, alguns parlamentares estão em determinados municípios, mas estão dentro do Estado. É diferente de um vereador, que tem que estar em Manaus o tempo todo. O deputado estadual, se está em Tabatinga, está no Amazonas e pode participar normalmente como qualquer um outro”, defendeu.
O deputado Ricardo Nicolau (PSD), que participou remotamente, foi outro que saiu em defesa das sessões híbridas, e alertou que em 2022, ano eleitoral, a falta de quórum deve ser um problema ainda maior na Aleam. “Se estamos com problemas de quórum, com a realização de sessões híbridas, pior seria sem a realização. É comum nós termos muitos problemas, principalmente num ano eleitoral, de formatar quórum. Se já estamos com problemas um ano antes do processo eleitoral, pior ficaria com o processo eleitoral. Então eu acho que precisamos discutir. Eu defendo aquilo que for de vontade da maioria”, concluiu.
A reunião marcada em plenário, após mais de 20 minutos de discussão sobre o tema, para a próxima terça-feira (7), às 10h, deve derrubar um dos dias de votação da casa.