O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou atrás e revogou, nesta sexta-feira (5), a homenagem que tinha feito a dois pesquisadores que atuam no Amazonas: Adele Benzaken, diretora-presidente da Fiocruz Amazônia, e Marcus Lacerda, responsável por um dos primeiros estudos a apontar a ineficácia da cloroquina contra a Covid-19.
Bolsonaro havia admitido os dois na Ordem Nacional do Mérito Científico em um decreto publicado na quinta-feira (4). Outros cientistas também foram homenageados. Além disso, Bolsonaro admitiu a si mesmo como “grão-mestre” da ordem.
A Ordem do Mérito Científico tem como finalidade homenagear personalidades que “se distinguiram por suas relevantes contribuições prestadas à Ciência, à Tecnologia e à Inovação”.
Processo de admissão
A admissão na ordem é prerrogativa do presidente da República, que avalia nomes apresentados pelo ministro das Relações Exteriores. A indicação precisa ter recebido parecer favorável do Conselho da Ordem — formado pelo chanceler e pelos ministros da Ciência e Tecnologia, da Economia e da Educação.
Podem apresentar sugestões ao chanceler membros do próprio conselho, a Academia Brasileira de Ciências ou “autoridade da área da ciência, tecnologia e inovação”.
Perfis
Infectologista da Fiocruz Amazônia, Marcus Lacerda liderou o primeiro estudo do mundo a demonstrar com dados sólidos, ainda em abril de 2020, a ineficácia da cloroquina contra a Covid-19.
Já Adele Benzaken dirigiu o Departamento das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde, mas foi demitida no início do mandato do presidente após a divulgação de uma cartilha voltada para homens trans.