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De cair da cadeira: CMM gasta mais de R$ 750 mil em assentos de luxo para os vereadores

Plenário recebeu cadeiras novas que custaram R$ 2,5 mil cada uma. Assunto foi discutido de forma rasa na sessão desta terça

by Marcos Dantas
8 de março, 2022
in Destaques, Poderes
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Após um feriadão com “f” maiúsculo, depois de 11 dias longe do plenário por causa do carnaval, os vereadores de Manaus voltaram às sessões, nesta segunda-feira (7), com uma novidade: cadeiras novinhas em folha, ainda envolvidas pelo plástico típico em produtos adquiridos recentemente. Tudo ao custo de R$ 764.370,00, bancados, claro, com os impostos do contribuinte.

O assunto foi levantado na sessão desta terça-feira (8), logo no início dos trabalhos. O vereador Amom Mandel (sem partido) usou seus minutos iniciais para protestar contra a aquisição, que foi inclusive feita numa empresa que pertence a familiares do parlamentar, como ele mesmo admitiu.

“Após apurar denúncias recebidas, percebi que uma das empresas contratadas é de um parente meu. E pra mim não faz diferença nenhuma. Deixo aqui o meu repúdio à total falta de cuidado que, na minha opinião, o presidente do parlamento tem tido para com essa Casa e para com a população manauara na medida em que troca, sem necessidade, a mobília. A minha cadeira aqui não tinha nenhum problema. Para onde foram as cadeiras e móveis antigos? Vão ser doados? Precisamos de uma maior transparência. É justamente esse tipo de gasto desnecessário que suja o parlamento”, disse.

Na sessão desta segunda (7), cadeiras ainda estavam envolvidas por plástico

O vereador Rodrigo Guedes (PSC) endossou o discurso de Amom. “De fato temos aqui um caso de uso desnecessário do dinheiro público, o que, de alguma forma, caracteriza sim o uso indevido. Pode não ser ilegal, mas ao meu ver também é claramente imoral”, completou.

Aliados saem em defesa de David Reis

Comandando os trabalhos na ausência do presidente David Reis (Avante), o vice-presidente da CMM, vereador Wallace Oliveira (Pros), rebateu as críticas e disse que as cadeiras de luxo são necessárias sim, dizendo que se for pra mudar, que seja pra “melhor”.

“Eu entendo que tudo o que foi feito, foi feito dentro de uma necessidade sim. Há cinco anos, quando entrei no meu gabinete, não tinha nem mesa e nem cadeira para entrar no meu gabinete. Tanto é que os móveis que hoje estão no meu gabinete são meus. Eu entendo qual foi o objetivo do presidente ao fazer o que fez. Ninguém muda pra baixo. Eu tenho um Cobalt 2018. Eu pretendo ter um carro melhor, não pretendo ter um carro inferior ao que eu tenho”, disse.

Integrante da Mesa Diretora, a vereadora Glória Carrate (PL) também saiu em defesa de David Reis.

“Acho que os vereadores, principalmente o Amom, ainda não presenciou a queda de um vereador que a cadeira não suportava o peso do vereador, quebrou e ele caiu. Eu sou do tempo da Câmara lá na 7 de Setembro [endereço antigo do parlamento], que era um puleiro onde a gente ficava. Não tinha banheiro, não tinha um lugar onde a gente tivesse um café da manhã, sala de presidência. E tudo isso, Amom, é uma vitória nossa. porque você sai da sua casa, você quer ter pelo menos conforto no local onde você vai trabalhar”, concluiu.

Cadeiras de luxo

No dia 17 de dezembro de 2021, a Câmara publicou um edital especificando materiais que precisava adquirir, entre eles as cadeiras de luxo. Treze dias depois, consta no diário oficial a homologação do contrato com a Movenorte Comércio e Representações Ltda, inscrita no CNPJ nº.: 84.499.755/0002-53, no valor total de R$ 822.060,00.

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Cadeiras são do modelo Realli Presidente CaféT, e na loja são oferecidas ao preço de R$ 2.605

Na ata de registro de preços, é possível ver que foram adquiridas 874 cadeiras de três modelos diferentes. Foram encomendadas 120 cadeiras giratórias tipo “Presidente”, ao custo de R$ 2.500 cada uma, ou seja, R$ 300 mil no total. São elas, inclusive, que aparecem no plenário e gabinetes.

Entrando em contato com a loja, é possível conferir que este modelo é o mais caro entre os disponíveis, sendo oferecido ao público comum por R$ 2.605,00 a unidade, ou seja, a Câmara ainda conseguiu cerca de 4% de desconto por causa da quantidade encomendada, benefício ofertado pelos vendedores.

Outra encomenda foi de 164 poltronas giratórias com braço cromado tipo “Diretor”, ao custo de R$ 950 cada uma, ou seja,  R$ 155,8 mil no total. O terceiro modelo, mais simples, é de poltronas tipo “Interlocutor”, com 4 pés, cuja encomenda foi de 590 unidades ao preço de R$ 523 cada uma, ou seja, R$ 308.570,00 no total.

 

 



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