Moradores de bairros das zonas Leste, Oeste e Centro-Oeste de Manaus organizaram protestos contra a concessionária Amazonas Energia para impedir a instalação do Sistema de Medição Centralizada (SMC), os famosos medidores aéreos. A empresa iniciou a instalação após o Supremo Tribunal Federal (STF) acatar uma ação movida por ela e derrubar a lei estadual que proibia novos medidores no estado.
A manifestação mais intensa ocorreu no bairro Dom Pedro, na zona Oeste da capital, onde moradores fecharam a rua para impedir a ação da equipe da Amazonas Energia. Em vídeo publicado nas redes sociais, moradores questionam a falta de compensações por problemas causados pelo novo sistema da concessionária.
“A Amazonas Energia cobra do povo e acusa a população de ‘gato’. Mas eu pergunto da Amazonas Energia: por que ela ainda não fez compensação por perdas técnicas onde já se instalou o SMC?”, questionou um manifestante.
A equipe de reportagem do jornal A Crítica flagrou uma moradora do bairro Dom Pedro agarrada a um poste. A aposentada Iranilde Pereira, com 64 anos idade e moradora do bairro há mais de 40, afirmou categoricamente: “eu só saio daqui quando eles forem embora ou se eu morrer“.
O caso ocorreu na Rua Bartolomeu Bueno da Silva, onde moradores também impediam as ações da Amazonas Energia.
A guerra contra a concessionária se estendeu para a esfera política. O presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), vereador Caio André (PSC), juntou-se aos manifestantes no bairro Dom Pedro.
“A empresa precisa entender de uma vez por todas que esse serviço público concedido volta em forma de serviço para nós consumidores da população da cidade de Manaus, e nós estamos dizendo, reiteradamente, bairro por bairro, que não queremos esse tipo de ligação”, disse o vereador aos moradores da localidade.
Recentemente, Caio André pediu ao vereador Gilmar Nascimento (União), presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) da CMM, desse celeridade a um projeto de lei de sua autoria que impede a instalação de novos medidores SMC, bem como dispõe sobre a organização das fiações aéreas. A proposta tem como base a questão da poluição visual.
O vereador Sassá da Construção Civil (PT) também participou da manifestação e afirmou que a CMM aprovará o projeto contra os medidores aéreos.
“As pessoas estão revoltadas aqui com a Amazonas Energia. E eu quero dizer que o povo não aceita esse sistema. Quando a população se revolta, ela manda no País. Nós vamos aprovar uma lei na Câmara para proibir os medidores (aéreos), mas precisamos do apoio da população, a população tem que estar na rua cobrando, porque quem paga a conta são vocês”, disse Sassá.
Na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), o deputado estadual Sinésio Campos (PT) apresentou um requerimento para instalar a frente parlamentar contra os medidores aéreos na casa. Nessa quinta-feira (2), o deputado foi surpreendido por um apagão justamente no momento de sua fala.
“Olha que eu ia falar outra coisa, mas parece que essa praga dessa empresa, o dia que eu não falo aqui dela, ela fica me provocando”, disse o deputado.