O arcebispo de Manaus, cardeal Dom Leonardo Steiner, fez críticas à operação ‘Orla mais segura’, coordenada pela prefeitura de Manaus, durante a homilia na Festa de Pentecostes, celebrada neste domingo (28), no Sambódromo da capital.
Após a homilia, em que o arcebispo destacou o papel social da Igreja, Dom Leonardo Steiner pediu que os fiéis rezassem pela população em situação de rua alvo das ações. “Lembremos de todos os nossos irmãos e irmãs que perderam o pouco que tinham, aqueles abrigos improvisados e também as documentações. Seja Deus o consolo e nós, os irmãos e irmãs a consolar”, disse.
Na manhã da sexta-feira (26), agentes da Secretaria de Centro e Comércio Informal (Semacc), Limpeza Urbana (Semulsp), Guarda Municipal e do Instituto de Mobilidade Urbana (IMMU) realizaram uma operação para a retirada de barracas irregulares na avenida Lourenço Braga, na orla da Manaus Moderna.
No dia seguinte, a Pastoral do Povo de Rua, ligada à Arquidiocese, divulgou uma nota de repúdio contra a ação, classificada como uma violação de direitos fundamentais à dignidade humana.
“Ao invés de promover uma ação coordenada de políticas públicas de moradia e de assistência social, a prefeitura promoveu uma violação de direitos fundamentais à dignidade humana, com a expulsão das pessoas que vivem em situação de rua e, de forma ilegal e criminosa, apropriou-se dos bens dessas pessoas”, diz um trecho da nota.
Segundo a Pastoral, os agentes da Semacc jogaram em uma caçamba de lixo roupas, lençóis, colchões e documentos pessoais, que foram emitidos nas ações jurídicas e integradas realizadas este mês pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM).
O texto sugere, ainda, a articulação de ações conjuntas que ajudem as pessoas que estão em situação de rua com propósitos legítimos e humanizados aos sujeitos envolvidos, sem que se faça um ‘higienismo social’ com ações brutais.
“Não se pode permitir que o tempo do ‘higienismo social’ volte a ser praticado de forma tão desvelada e brutal, nem afrontas aos direitos do cidadão, seja ele morador de rua ou ao coletivo que fica exposto a insegurança pública, pois sabemos que é outra deficiência que precisa ser corrigida”, destaca a nota.