O ex-vice-governador do Amazonas, defensor Carlos Almeida Filho, afirmou em entrevista à reportagem do Manaus 360° que está filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), apesar do grupo do presidente estadual da legenda, deputado Sinésio Campos, barrar sua filiação. Almeida recorreu do que chamou de “ato ilegal” e classificou a tentativa como “vendeta do presidente estadual”.
Questionado se concorreria a uma vaga na Câmara Municipal de Manaus (CMM) ou se iria pleitear a indicação para disputar a Prefeitura de Manaus, Almeida Filho destacou que a decisão será coletiva.
“Como já disse várias vezes, meu posicionamento é pelo coletivo. E o coletivo do partido tem apontado o nome do companheiro José Ricardo, o qual é um grande quadro”, disse.
O defensor público, contudo, deve enfrentar certa resistência por parte da militância petista. O pedido de impugnação de sua filiação foi apresentado por Ruan Octávio, do coletivo nacional de cultura do PT, que chamou o ex-vice-governador de “bolsonarista ferrenho”.
“Ninguém agrada a todos, não é? Mas uma coisa é clara: é um absurdo me chamar de bolsonarista”, destacou.
Carlos Almeida Filho relembrou seu rompimento com o governador Wilson Lima (União), apoiador notório do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e que o alinhamento com o extremista de direita levou a cidade de Manaus ao colapso durante a pandemia de Covid-19.
“A estratégia foi mostrar alinhamento [com Bolsonaro]. Uma coisa era clara, a política era de afirmar que se tinha uma imunidade de rebanho. O que acabou acontecendo foi um laboratório, a P1 [variante do coronavírus] encontrou um ambiente adequado”, disse em entrevista à Folha de S. Paulo, à época.
Acusado de estar implicado nas irregularidades da Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas durante a crise da Covid-19, Almeida destacou que deixou a pasta em 2019 e que a denúncia feita pelo ex-procurador-geral da República, Augusto Aras, foi feita mesmo após a Polícia Federal (PF) decidir pelo “não indiciamento” do então vice-governador “em razão da inexistência de qualquer elemento informativo seguro para estabelecer sua participação dolosa”.
“Destaque-se que investigações feitas durante a CPI do 8 de Janeiro indicam a existência de agendas privadas do então presidente Bolsonaro com o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, e a subprocuradora Lindôra Araújo. As evidências apontam para o que já se presumia: o alinhamento da PGR com as pautas do ex-presidente, inclusive para perseguição daqueles que lutavam contra o bolsonarismo – dentre eles, in casu, o ex-vice-governador do Amazonas”, afirma em sua defesa.