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Home Interno Colunistas Brener Neves

Cinema indígena empodera os povos nativos do Brasil

by Brener Neves
20 de maio, 2021
in Brener Neves, Colunistas, Giro
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ineasta Takumã Kuikuro em processo de gravação.

ineasta Takumã Kuikuro em processo de gravação. (crédito:)

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Sim, existe cinema indígena e está espalhado por todo o Brasil. Talvez você não soubesse disso porque no dia a dia estamos rodeados de filmes internacionais e nacionais que fazem parte do que podemos chamar de “cinema comercial”. É importante que pensemos o contexto do cinema indígena no Brasil, afinal eles que estavam aqui antes de todos nós. Para começar, te convido a refletir sobre como tudo isso começou no campo
da sétima arte.

Cineasta Divino Tserewahú em processo de gravação
Cineasta Divino Tserewahú em processo de gravação

Historicamente, a produção audiovisual indígena brasileira é marcada por expressar a ideologia e a estética dos colonizadores, a começar pelas representações descontextualizadas dos indígenas desde cerca de 1910. A partir de então, esses filmes produzidos pelos não indígenas vêm contribuindo para a imagem estereotipada de selvagens, primitivos e exóticos, afastando-lhes de suas singularidades individuais e coletivas. E isso acabou resultando em visões distorcidas que situam os povos indígenas em um passado histórico. Nesse momento, você poderia pensar “mas por quê?”, e eu te explico.

Tudo começou lá no século XIX, na independência do Brasil em relação a Portugal, momento em que o Estado brasileiro se baseava em valores europeus de progresso e superioridade. Ou seja, mesmo que estivéssemos “independentes”, deu-se continuidade ao processo de colonização. Nesse mesmo século, surge o cinema e é claro que também não ficou de fora da questão colonial.

Se analisarmos os filmes nacionais produzidos no começo do cinema, percebemos que a maioria sofria influência europeia e norte-americana. Por isso, acabavam enaltecendo ambas as indústrias, mesmo que de forma implícita. E, claro, isso contribuiu para que acontecessem as representações estereotipadas dos povos indígenas no audiovisual. Quer exemplos de filmes que descontextualizam os povos indígenas? Assista “Casei-me Com um Xavante” (1955), de Alfredo Palácios, “Como Era Gostoso o Meu Francês” (1971), de Nelson Pereira dos Santos, e se quiser exemplos mais recentes, é só lembrar das telenovelas da Rede Globo “Uga-Uga” (2000-2001) e “Novo Mundo” (2016).

Indígenas estereotipados em “Casei-me Com um Xavante” (1955), de Alfredo Palácios
Indígenas estereotipados em “Casei-me Com um Xavante” (1955), de Alfredo Palácios (crédito: Banco de Conteúdos, creative commons)

Indígenas se apropriam das câmeras

Esse cenário começou a mudar ao final do século XX, quando os povos indígenas se apropriaram da câmera e passaram a se autorrepresentar (como deveria ter sido desde o início). Isso se deu graças a iniciativas próprias de povos indígenas em todo o mundo, bem como incentivos de projetos, resultando em diversos realizadores indígenas na arte cinematográfica. No Brasil, os povos Mebêngôkre-Kayapó foram um dos primeiros a apropriar-se da câmera e, posteriormente, outros povos também. Aqui ressalto o projeto Vídeo nas Aldeias e sua importância para o desenvolvimento do cinema indígena no Brasil.

O Vídeo nas Aldeias foi fundado pelo antropólogo e indigenista Vincent Carelli, em 1986, e é um projeto que, segundo o próprio site oficial, é precursor na área de produção audiovisual indígena no Brasil. Desde o início, o objetivo do movimento é apoiar as lutas dos povos indígenas para fortalecer suas identidades e seus patrimônios territoriais e culturais, por meio de recursos audiovisuais e de um produção compartilhada com os povos indígenas.

Na primeira década do projeto Vídeo nas Aldeias, os cineastas não indígenas produziam e assinavam os filmes a partir das demandas das comunidades indígenas, mas foi em 1997 que o projeto se tornou uma escola de cineastas indígenas e passou a organizar oficinas de realização e montagem em aldeias de todo o Brasil.

ineasta Takumã Kuikuro em processo de gravação.
Cineasta Takumã Kuikuro em processo de gravação (crédito: Coletivo Kuikuro de Cinema).
Mulheres indígenas do Coletivo Kiriri de Cinema, da Bahia, gravando o filme “Mirandela Kiriri”.
Mulheres indígenas do Coletivo Kiriri de Cinema, da Bahia, gravando o filme “Mirandela Kiriri” (crédito: Aldeia SP)

E então, finalmente, os indígenas puderam realmente se autorrepresentar. Afinal, somente eles entendem, vivem e sentem a força da própria cultura. Na câmera, perceberam a possibilidade de poder registrar suas práticas e costumes como modo de guardar suas memórias e, também, de visibilizar sua cultura como forma de resistência.


A apropriação da câmera, a aprendizagem, o aperfeiçoamento de técnicas, as filmagens e o contato interétnico promovido pelo equipamento videográfico, possibilitaram a passagem pelo processo em que passam de objeto para sujeito. Hoje, os cineastas indígenas possuem um papel ativo na produção audiovisual, que vem abrindo novos caminhos e possibilidades de autorrepresentações indígenas a partir de seus próprios pontos de vista, vivências e experiências.

Produção ativa

O cinema indígena é tão forte atualmente que o Brasil é considerado um dos grandes centros de produção cinematográfica indígena. E se você acha que essas produções são parecidas com tudo o que você já viu no cinema comercial, você está enganado.

Cada povo possui suas particularidades no modo como filmam e como lidam com a câmera, mas os filmes dos nossos povos nativos possuem um discurso audiovisual similar e, em geral, nota-se o uso de plano-sequência (plano de filmagem sem cortes) e travellings (movimento de câmera em que esta se move livremente no espaço), o que me faz lembrar de um grande movimento cinematográfico na história do  Brasil chamado Cinema Novo, marcado pela frase de Glauber Rocha “uma ideia na cabeça e uma câmera na mão”.

Se você assistir aos filmes indígenas é provável que lhe cause certa estranheza, caso esteja acostumado a assistir apenas programas televisivos, filmes e séries de plataformas de streaming e afins.

Isso pode acontecer porque nós, do lado de cá, estamos muito acostumados a abordar as temáticas do ponto de vista de nossa própria cultura, inclusive com influências europeias e norte-americanas, como já falado mais acima. Então é importante que pensemos que a mídia indígena traz muitas inovações no modo de abordar certos temas, pois são filmes em que cada povo usa a câmera de um modo específico e vinculado às suas experiências culturais. O interessante é que se tivermos um olhar apurado podemos perceber que seus filmes nos fazem refletir e questionar pressupostos ocidentais que foram estabelecidos ao longo dos anos no cinema e no audiovisual (ao final da coluna listei alguns filmes para você assistir).

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Mulheres indígenas do Coletivo Kiriri de Cinema, da Bahia, gravando o filme “Mirandela Kiriri”.
Cineasta Isael Maxakali gravando em Minas Gerais (crédito: Aldeia SP)

O cinema indígena vem crescendo tanto que hoje temos até coletivos de cinema indígena, como o caso do Coletivo Beture Cineastas Mebêngôkre, um movimento de jovens cineastas Kayapó com diferentes aldeias, que busca dar visibilidade à cultura e à luta política de seu povo. Além disso, diversos filmes indígenas já passaram (e ganharam) em festivais de cinema nacionais e internacionais, inclusive hoje existem festivais de cinema completamente voltados para filmes indígenas, o que mostra o espaço considerável que os povos nativos do país têm ocupado. Podemos dizer que o cinema indígena atual começa a modificar a histórica colonial, pois suas produções estão fortemente ligadas às suas próprias realidades identitárias, contrapondo a maneira como eram representados antigamente.

Confira as dicas

Historicamente sujeitos a múltiplas formas de violência e discriminação, deixo aqui a reflexão do empoderamento étnico indígena por meio das mídias audiovisuais. No momento em que vivemos atualmente se faz cada vez mais necessário difundir os conhecimentos e vivências indígenas por meio de suas produções e saber que seus filmes não existem apenas como meio de informação de seus povos, pois é muito mais que isso, é cultura, memória, luta e resistência. Agora eu te convido a assistir, de mente aberta, alguns filmes indígenas brasileiros que estão disponíveis na internet:

  • As Hiper Mulheres (Kuikuro)
  • Bicicletas de Nhanderú (Mbyá-Guarani)
  • Quando os Yãmiy vêm Dançar Conosco (Maxakali)
  • Pele de Branco (Kuikuro)
  • Desterro Guarani (Mbyá-Guarani)
  • Wai’á Rini – O poder do sonho (Xavante)
  • Memybijok (Kayapó)
  • Se quiser ir além e assistir filmes indígenas da América Latina e Caribe, dá uma olhada nessa playlist disponibilizada pela Unesco com mais de 80 filmes indígenas

Aproveita e já acompanha esses dois eventos incríveis recheados de filmes indígenas:

  • Mostra Amotara – Olhares das Mulheres Indígenas (mostra de filmes realizados por mulheres indígenas, que serão exibidos entre os dias 02/03 a 31/03)
  • Cine Kurumin (festival de cinema indígena que em 2021 completa 10 anos)

Espero que essa coluna tenha feito você refletir um pouco sobre a importância desses cinemas tão necessários atualmente. Mergulha nesses filmes e qualquer coisa me conta aqui embaixo. Até a próxima!



Tags: Brener Nevescinema indígenaCultura índioprodução cinematográfica Brasil
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Realizador audiovisual e pesquisador em formação. Graduado em Produção Audiovisual pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e atualmente é mestrando em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

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Comments 2

  1. Vera Lúcia says:
    4 anos ago

    É esse tipo de informação que precisamos a respeito de um assunto de grande relevância, índio e cinema muito além de sua aldeia. Parabéns!

    Responder
  2. Caroene says:
    4 anos ago

    Muito boa! Precisamos conhecer cada vez mais e valorizar o cinema indígena.

    Responder

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