Morreu, na madrugada desta quinta-feira (10), a professora aposentada Maria da Conceição de Lima Derzi, aos 71 anos, em Manaus. Ela teve complicações médicas após ser infectadas pelo vírus da Covid-19.
Derzi, que por mais de 30 anos foi professora do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), também foi militante social durante o período da ditadura militar, sendo, inclusive, investigada pelo Sistema Nacional de Informações (SNI).
Para Ivânia Vieira, que foi colega de trabalho de Derzi nas salas de aula da Ufam, a professora deixou uma marca forte por onde passou, com posicionamentos firmes e inúmeros embates.
“Polêmica, viveu entre o amor e o desamor, os conflitos e pontes de apaziguação difíceis de serem percebidas em primeiro plano. […] Brigou pelas ideias que defendia e, assim, fez o seu caminhar, o seu existir”, ressaltou a professora.
Conhecido como Tom Zé, o também professor aposentado Antônio José Vale da Costa contou que teve o privilégio de ser também seu professor. “Desde aquela época, ela já demonstrava sua indignação com os rumos da ditadura no país”, recordou.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas (SJP-AM) realçou a imagem de Conceição Derzi como uma pessoa atuante tanto em sala de aula quanto na luta por melhores condições de trabalho e salários, e em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade.
Movimento estudantil
Após a promulgação do AI-5 em 1968, Conceição Derzi e outros estudantes da UA passaram a organizar “reuniões clandestinas” para realinhar a pauta e discutir novas formas de mobilização.
Liderados por ela, os estudantes criaram, em 1977, o Centro Cultural de Comunicação Social da Universidade do Amazonas (atual Ufam). Em 2018, o Cucos foi reestruturado, dando lugar para o Centro Acadêmico de Relações Públicas (Carp) e o Centro Acadêmico de Jornalismo (Cajor).
Em nota conjunta, o Carp e o Cajor lamentaram o falecimento da professora Conceição Derzi. “Sem dúvidas, sua presença foi marcante para muitos jornalistas e demais profissionais de comunicação que passaram por sua sala de aula”, destaca o texto.
Em entrevista ao jornal Diário do Amazonas, em 2015, a professora deixou uma mensagem de incentivo e encorajamento aos estudantes. “Os estudantes de jornalismo precisam perder o medo das autoridades, pois assim eles vão poder participar das atividades políticas das nossas sociedades e realmente transformar a cabeça das pessoas com as suas informações”, disse, à época.