A Câmara Municipal de Manaus (CMM) rejeitou, nesta segunda-feira (12), um pedido de convocação da secretária de Saúde da prefeitura de Manaus, Shádia Fraxe (Avante), para explicar o atraso no pagamento da data-base dos profissionais de saúde da capital.
Até mesmo membros do chamado ‘grupo independente’, que imprimiu derrotas ao prefeito David Almeida (Avante) nos últimos meses, votaram contra o requerimento do vereador Rodrigo Guedes (Podemos), opositor do prefeito.
Segundo Guedes, a gestão municipal tem orçamento para fazer o reajuste. O vereador citou uma série de medidas adotadas pela prefeitura, como o empréstimo de R$ 600 milhões, aumento do IPTU, redução do subsídio da passagem do transporte coletivo, aumento da receita em R$ 1,3 bilhão, de 2022 para 2023.
“Não há motivo nenhum para o não cumprimento da data-base [dos profissionais de saúde]”, ressaltou o autor da proposta.
Discordâncias
O vereador Raiff Matos (DC), um dos independentes, considerou que o requerimento aprovado antes, feito pelo vereador Capitão Carpê Andrade (Republicanos), já solicitava informações para a Secretaria de Saúde (Semsa) sobre o mesmo tema.
O parlamentar destacou também que, sempre que solicitou informações da pasta, foi atendido. “Aquelas [informações] que eu não obtive, eu entrei com a Lei de Acesso à Informação e obtive as informações em tempo recorde”, disse.
Já o vereador Marcelo Serafim (PSB), ex-aliado de David Almeida, pediu que Rodrigo Guedes fosse mais sensato e saiu em defesa de Shádia Fraxe.
“Se tem alguém que está empenhada em resolver esse problema é a doutora Shádia”, destacou. Marcelo avaliou que uma convocação seria “algo muito pesado para uma mulher que tem se dedicado como ela”, e pediu que o vereador convidasse a secretária em vez de convocá-la.
O vereador Wallace Oliveira (sem partido) fez coro ao argumento de Raiff Matos de que qualquer convocação ou convite “perdeu objeto” e está “fora de um contexto lógico. O ex-vice-presidente da CMM também chamou o requerimento de Rodrigo Guedes de “capricho de alguém que quer se impor”.
Aliado de Guedes, o vereador William Alemão (Cidadania) defendeu que Shádia Fraxe comparecesse à CMM para explicar o não pagamento da data-base, mas concordou com Marcelo Serafim em transformar a convocação em convite.
Enraivecidos
Membro da base do prefeito, o vereador Elan Alencar (Agir) afirmou que Shádia irá comparecer à Comissão de Saúde da CMM, onde podem ter a oportunidade de questioná-la sobre o assunto. Rodrigo Guedes reclamou, no entanto, que a reunião será a portas fechadas, pelo fato das reuniões de comissões não serem transmitidas ao vivo.
A fala do vereador irritou os demais colegas. O vereador Luis Mitoso (PTB) disse estar “um pouco assustado” e que nunca ouviu falar em reunião de comissão a portas fechadas.
“Eu me assusto com isso, porque passa [uma ideia errada] para o público que está nos ouvindo, acompanhando a Câmara Municipal de Manaus. Coloca a Câmara numa calça curta. É até uma irresponsabilidade, porque depõe contra nós. Eu estou em defesa da instituição”, disse.
O presidente da CMM, vereador Caio André (PSC), corroborou a fala de Mitoso e afirmou que “todas as reuniões das comissões são públicas”, como determinado pelo regimento interno.
O vereador Rosinaldo Bual (PMN) foi mais incisivo e disse que Rodrigo Guedes deveria ter mais responsabilidade “na hora que estiver se expressando”.
“Ninguém tem portas fechadas com ninguém. E sem querer ser invasivo na porta que o vereador Rodrigo Guedes trabalha, se ele é um vereador de rede social, se ele quer like em rede social, que ele tenha, mas de forma honesta, trabalhando, não colocando a Câmara Municipal nessa manja”, concluiu.