O governador Wilson Lima (União) anunciou nessa segunda-feira (3) a criação de uma nova secretaria voltada para mineração. A pasta se chamará Secretaria Executiva de Mineração, Energia, Petróleo e Gás (Semep), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), chefiada pelo ex-deputado Pauderney Avelino (União).
O governador manifesta o desejo de criar uma pasta voltada para mineração desde de dezembro de 2022. Wilson ressaltou que a Eneva, empresa que explora o gás natural no Campo do Azulão, ganhou a concessão para construir três usinas térmicas.
“Vai ser produzido quase um giga de energia elétrica. Isso nos garante uma autossuficência na geração de energia elétrica”, disse.
Wilson também anunciou a recriação da secretaria de Esportes a partir de um desmembramento da Fundação Amazonas de Alto Rendimento (Faar).
Secretaria em dúvida
A criação de uma secretaria voltada para a mineração na atual conjuntura da Amazônia, que enfrenta fortes ataques de garimpeiros ilegais contra o meio ambiente e os povos indígenas, não foi bem recebida pelo ex-deputado Eron Bezerra (PCdoB), o qual é doutor em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia.
Eron considerou o momento “inadequado”, principalmente “quando o Governo Federal vem tentando coibir os garimpos ilegais”. Questionado como a mineração pode afetar os povos indígenas do Amazonas, a exemplo dos Mura de Autazes – que travam uma disputa contra a Potássio do Brasil -, Eron ressaltou que justamente por isso não vê a medida como positiva.
“Uma grande corporação canadense vai ganhar muito dinheiro, aumentar a tensão com os povos indígenas e nós ficaremos com o passivo ambiental e social. Tal qual aconteceu na Serra do Navio no Amapá, a cassiterita em Presidente Figueiredo, por exemplo”, afirmou.
Já na visão do professor Carlos Durigan, mestre em Ecologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e diretor da Wildlife Conservation Society no Brasil (WCS Brasil), pontuou que “a criação da pasta em si não é prejudicial” e que entende que “há atividades minerárias no estado que demandam forte ordenamento e regulação, uma vez que são atividades que geram fortes impactos sociais e ambientais”.
“Obviamente esta pasta deverá atuar em forte articulação com as pastas ambientais e sociais, tanto na esfera estadual, quanto na esfera federal”, concluiu.