O presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), vereador David Reis (Avante), voltou a se lamentar publicamente por conta da obra milionária para construção de um novo anexo da Casa ter sido barrada na Justiça, após uma repercussão negativa perante a opinião pública.
Em entrevista concedida ao podcast Sim e Não, na última terça-feira (26), ele revelou que o projeto inicial do “puxadinho” previa gabinetes de 60 m², um restaurante com vista para o Rio Negro e até mesmo um heliponto.
Heliponto ‘nasceu morto’
David elencou, com pesar, o que haveria na construção, orçada em R$ 32 milhões, dizendo que a ideia do heliponto só foi retirada do projeto porque a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) estabelece um prazo de dois anos para liberar uma obra desse porte.
“Seriam dois andares de estacionamento. O primeiro andar seria o de recepção e administrativo, o terceiro andar e o quarto andar seriam de gabinetes, todos iguais, isonômicos, com 60 m², o quinto andar seria um centro de convenções e o último andar seria um restaurante de frente para o rio”, comentou.
“Acredito que o que tinha de ousado nessa construção é que seria o primeiro prédio público de frente para o rio. E tem mais: a nossa ideia primeira ainda contemplaria um heliponto, só que aí quando eu fui esmiuçar, uma licença na Anac para um heliponto leva dois anos, aí ficaria inviável. Se você ver a maquete, era apaixonante”, completou.
Na ponta do lápis
Ainda na entrevista, o presidente da Câmara falou sobre o preço do ‘puxadinho’ e avaliou que a obra foi ‘incompreendida’ pela opinião pública.
“O Anexo II foi de uma incompreensão. Primeiro, taxaram ele de ‘puxadinho’. Ele teria tudo, menos características de puxadinho. A saúde financeira da Câmara para aquela licitação era de R$ 32 milhões. Não quer dizer que quem vencesse o certame fosse apresentar uma proposta nesse valor”, disse.
O parlamentar utilizou uma conta do custo do metro quadrado, em comparação ao Anexo I, construído há seis anos, para justifico custo milionário da obra.
“Se pegar R$ 32 milhões e dividir pelos metros quadrados que a obra teria, que são 12 mil, o metro quadrado custaria R$ 2.660. Há seis anos, o Anexo I da Câmara foi construído com quase mil metros quadrados, que saiu a R$ 4,4 milhões. Portanto, uma obra de seis anos atrás custou R$ 4,4 mil por metro quadrado”, completou.
‘Sem tempo, irmão’
Após admitir que é pré-candidato a deputado estadual, David, que raramente tem participado das sessões na CMM, disse que desistiu da ideia de lutar pela construção “por falta de tempo”.
“Eu não tenho mais tempo para proceder essa obra, mas ela é necessária e justa. A cidade de Manaus carece que essa obra possa acontecer e eu acredito que lá na frente vai aparecer um outro presidente de que também tope olhar a cidade com olhares do futuro, da forma como temos que pensar Manaus”, concluiu.
‘Puxadinho’
Visto como uma regalia aos vereadores, o projeto do puxadinho acabou tendo uma repercussão negativa perante a opinião pública, e acabou sendo enterrado em fevereiro, após ações apresentadas por outros parlamentares e uma batalha judicial, com a Câmara recorrendo para tentar liberar a obra.
Em setembro a licitação foi suspensa pela justiça, e quatro meses depois a própria Casa publicou a revogação da mesma “por razões de interesse público”, decorrente do princípio da autotutela, pelo qual a administração pública exerce controle sobre seus próprios atos, tendo a possibilidade de anular os ilegais e de revogar os inoportunos.