Nesta semana foi o aniversário do papai do deputado estadual Delegado Péricles (PSL), e o parlamentar achou por bem usar a tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) dar os parabéns. Além disso, concluiu com o clássico, “Tenho dito, senhor presidente”.
“Quero parabenizar uma pessoa muito importante na minha vida. Hoje ‘tá’ completando 78 anos. Uma pessoa que me ensinou muito, que me deu educação. Pessoa simples, humilde, que junto com a minha mãe é a pessoa que eu mais ano nessa vida, que é meu pai. Meu parabéns, tudo de bom e muita saúde para o senhor. Tenho dito, senhor presidente”
Delegado Péricles (PSL)
deputado estadual do Amazonas
Para o sociólogo Francinézio Amaral, a cena pode parecer banal, mas retrata o “nível deplorável dos parlamentares” do Amazonas. Isso porque, o discurso do deputado “parabéns, papai” escapa da esfera pública para a privada, na visão do sociólogo. “O parlamentar não soube fazer essa distinção e, se não tem capacidade de discernir espaços públicos e privados em algo tão elementar quanto o uso da tribuna de uma Casa Legislativa, fica difícil crer que haja competência para legislar sem fazer a mesma confusão”, critica.
‘É preocupante’, observa sociólogo
O episódio no Amazonas lembra a votação do impeachment da então presidente Dilma Rousselff, em 2016, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Entre os argumentos para votar ‘sim’ ao impedimento da petista deputados federais dispararam: “pela minha mãe”, “por Deus”, “pelos menos filhos” e etc.
“Uma análise superficial dos projetos desses parlamentares já nos dá um panorama dessa situação e é uma situação muito preocupante.”, reflete o sociólogo. Mas, Amaral entende que esse movimento não é novo, uma vez que o “papel do representante parlamentar” está se “desconstruindo”. Na opinião do sociólogo, quem assume o cargo deveria ser capaz de compreender as estruturas do funcionamento da sociedade, assim, saberia identifica o que é de interesse público e o que é de interesse particular.