O gigantesco recesso parlamentar, que só chega ao fim no início de fevereiro, parece deixar bastante tempo livre aos deputados federais. O bolsonarista Delegado Pablo (PSL), por exemplo, resolveu perguntar aos seguidores de suas redes sociais o que os maiores especialistas do país já responderam. Como se fosse questão de opinião, ele perguntou aos seguidores se os mesmos eram a favor da vacinação de crianças contra a Covid-19.
Com a pergunta, o parlamentar criou um ambiente fértil nos comentários para a a disseminação de desinformação. Tanto que alguns comentários, calcados no negacionismo, foram bloqueados automaticamente pelo Instagram, só sendo mostrados caso o usuário que esteja visualizando assim solicite.
Espaço para desinformação
“O risco benefício não compensa. As crianças são as que menos tem histórico de gravidade com o COVID”, disse um seguidor. “Não sou a favor por ter reações que dificilmente aconteceria em um adulto e pela falta de responsabilização dos culpados caso algo pior aconteça”, comentou outro.
“Totalmente contra. Fico me perguntando, como eh que as autoridades de um país permite um absurdo desse, fazer do ser humano de cobaia para um experimento vacinal. Isso eh loucura!!!!”, respondeu mais um seguidor.
A maioria dos comentários era de pessoas contra a vacina para crianças. Havia também quem fosse a favor, mas estes eram refutados por outros seguidores, que tentavam explicar os “males” do imunizante.
Delegado Pablo, em vez de orientar sobre a importância da vacinação aos seguidores negacionistas, optou por apenas enviar uma mensagem padrão de agradecimento pela participação a alguns dos que responderam, independente se eram contra ou a favor da vacina.
ECA prevê obrigatoriedade de vacina em crianças
Para o Juiz Ibere de Castro Dias, da vara da Infância e Juventude de Guarulhos/SP, vacina em crianças e adolescentes não é questão de opinião. Nas redes sociais, ele alerta sobre a obrigatoriedade de imunização prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), com risco de perda da guarda do vulnerável em caso de recusa por parte dos pais.
Vacinas são um experimento?
De acordo com ao Organização Mundial da Saúde (OMS), as vacinas autorizadas assim o foram porque forneceram informações – provenientes de seus ensaios clínicos – sobre a eficácia em prevenir a doença. Somente após experimentos propriamente ditos, as autoridades reguladoras nacionais analisaram dados para tomar uma decisão sobre as vacinas.
As que foram autorizadas cumpriram critérios básicos de segurança e só então foram liberadas ao público. A efetividade destes imunizantes, ainda segundo a OMS, continua sendo monitorada de perto, mesmo depois de terem sido introduzidas nos países.
A única dúvida que ainda resta a respeito da vacina é sobre o tempo que ela protege cada indivíduo. Neste momento, pesquisas estão em andamento, e a expectativa é de que se chegue a uma resposta nos próximos meses, conforme forem realizados estudos mais detalhados.