Eleito para assumir a presidência do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas pela segunda vez, o amazonense, de Manaus, conselheiro Érico Xavier Desterro e Silva, 57 anos, conhece profundamente a casa que terá nas mãos a partir de dezembro. Isso porque, em entrevista Manaus 360º, ele conta que chegou ao tribunal há 36 anos como servidor.
No gabinete dele, Desterro relembra a trajetória que fez no tribunal de 1985 até agora, “Exerci várias funções dentro do tribunal. Estive no Controle Externo, na Fiscalização, na Auditoria, na parte administrativa”. Em seguida, o advogado é aprovado no concurso para o Ministério Público – que atua em conjunto com o TCE-AM – e quatro anos depois, em 2006, o governador Eduardo Braga (MDB) o escolhe na lista tríplice. Assim, Desterro deixa o cargo de procurador geral para assumir a cadeira do então conselheiro João Braga, aposentado naquele ano.
Eleição acirrada
O atípico clima de acirramento na eleição do TCE-AM também entrou na pauta da entrevista do Manaus 360º com o conselheiro Érico Desterro. Ele revela que ficou surpreso com o resultado da votação, esperava ficar na vice-presidência, e referiu-se a ele próprio como “terceira via”. Acontece que, pela tradição, o presidente deveria ser o conselheiro Júlio Cabral, uma vez que é adotado o critério da antiguidade, por problemas de saúde, ele renunciou.
“Houve pretensões diferentes de dois conselheiros. E acabou que os conselheiros decidiram que seria melhor resolver isto buscando uma “terceira via”, vamos dizer assim, acabou sendo eu”, resume Desterro com ar modesto.
O paradoxo da desinformação
Para o conselheiro, a principal diferença entre o primeiro biênio em que foi presidente do TCE-AM – 2012/2013 – para a gestão que está por vir, é o mundo tecnológico e a desinformação. Dois elementos que juntos, Desterro classifica como, “um paradoxo”.
“A desinformação, na minha opinião, é o maior problema. Veja, que é um paradoxo, ao mesmo tempo em que nós temos hoje mecanismos extraordinários de busca pelo conhecimento e de informação, na verdade nós vivemos o momento da desinformação. Porque nós temos dificuldade, às vezes, de detectar o que é falso, o que é verdadeiro”, preocupa-se o conselheiro.
Para exemplificar, Desterro cita o caso mais presente na memória do brasileiro que são as declarações contra as vacinas para combater a covid-19, colocadas em xeque por pessoas com discursos desenvoltos para defender suas teses, mas sem qualquer base sólida calcada na ciência.
Dar voz ao jornalismo de verdade
O plano para driblar o desafio da desinformação é, revela o conselheiro, “é receber você e qualquer pessoa que faça jornalismo sério”. “Assim é possível explicar as coisas como elas são e, eventualmente, corrigir problemas apontados por essa mídia. Então, se nós nos abrirmos para a mídia, não só falando da mídia tradicional – jornal, rádio, televisão – essa também, mas, hoje, é claro, tem a mídia que tem extrema importância, que é a que está nas redes sociais”, afirma o conselheiro Érico Desterro.
Apoio da família
Como ouvidor do TCE-AM nos últimos quatro anos e mais a carga horária como professor do curso de Direito da Universidade Federal do Amazonas, a família do conselheiro conhece a agenda apertada dele e agora se prepara para dias intensos. “Estava me preparando para um ano mais sossegado porque a vice-presidência é importante, mas é evidente que não tem as atribuições da presidência”, conta Desterro.
“E entro na presidência de novo. É claro que eu e a minha família ficamos muito felizes. Hoje não tenho mais meus pais, mas tenho a minha esposa, a minha filha e meus irmãos e conhecidos. Estão muito felizes, mas sempre preocupados. Alguns desafios precisam ser vencidos, e sempre recebi apoio deles e tenho certeza que vamos conseguir ficar bem”, calcula o conselheiro.
A posse do substituto do presidente Mario de Mello está marcada para o próximo dia 21 de dezembro, segundo a diretoria de comunicação do Tribunal de Contas.