A semana começou com ‘climão’ na Câmara Municipal de Manaus (CMM). A tradicional votação de projetos de lei, requerimentos e indicações das segundas-feiras não aconteceu e o fato gerou polêmica entre os membros do parlamento.
De início, o presidente da sessão, vereador Wallace Oliveira (Pros), chegou a informar que não haviam projetos a serem votados, mas acabou desmentido por colegas que trouxeram à tona proposituras engavetadas desde 2021.
‘Sem projetos’
Tudo começou quando Rodrigo Guedes (PSC) questionou a falta da ordem do dia, momento da sessão em que os vereadores deliberam e votam projetos. Substituindo David Reis (Avante) como de costume, Wallace Oliveira respondeu que, em uma reunião da mesa diretora, ficou definido que nesta segunda em específico não haveria votação.
“O acontecimento da ordem do dia é uma prerrogativa da Mesa. […] Ainda não temos projetos, algumas condições que sejam o suficiente para acontecer a ordem do dia. Então, a Mesa entendeu, nessa reunião, que não haverá ordem do dia”, disse o vice-presidente da CMM.
‘Saia justa’
A justificativa dada pelo vice-presidente da Casa abriu espaço para uma reclamação de Amom Mandel (sem partido), que questionou a realização da reunião, já que ele faz parte da mesa diretora e, segundo ele, não foi convidado.
“Então, que horas foi essa reunião? Como é que foi? Eu sou da Mesa [Diretora] também, assim como o vereador Jaildo [Oliveira, do PCdoB], que me comunicou não ter participado de nenhuma reunião também”, questionou.
Wallace Oliveira, que ficou em uma ‘saia justa’, voltou atrás e disse que não houve reunião, mas sim uma conversa “extraoficial”.
“A pauta é rodada pelo presidente. Talvez eu, de uma forma, tenha colocado dentro de uma concepção de reunião. Foi uma conversa e o presidente estabeleceu que não haveria pauta”, disse.
Não convencido, Amom voltou a questionar o vice-presidente. “Então vossa excelência definiu que não haveria pauta?”, retrucou.
“Foi decidido que não haveria pauta, que não haveria ordem do dia”, resumiu Wallace, se esquivando da responsabilidade.
Projetos engavetados
De volta à conversa, Rodrigo Guedes questionou a presidência, que a essa altura já estava com Diego Afonso (PSL), substituindo Wallace Oliveira, a respeito da justificativa dada de que não haveriam projetos a serem votados.
Guedes apresentou 12 proposituras de sua autoria que ainda não foram deliberadas pelo plenário da Câmara. “Então, só com os meus projetos a gente já conseguiria fazer uma pauta. Não vejo motivo para cancelar a ordem do dia”, completou.
Também com projetos a serem deliberados, Amom Mandel lembrou que os vereadores só se reúnem em plenário para discutir e votar projetos às segundas, terças e quartas, por apenas três horas. Para ele, deixar de votar projetos arranha ainda mais a imagem da Casa.
“Muito se fala que existem parlamentares que jogam contra a Casa. A sociedade já diz que os vereadores trabalham apenas de segunda à quarta, das 9h ao meio-dia. […] Como pode, em um dos únicos três dias da semana, não se ter uma pauta para que possamos trabalhar e discutir os projetos da cidade?”, questionou.
‘Panos quentes’
Líder do prefeito, Marcelo Serafim (PSB) trouxe uma justificativa um pouco mais elaborada para tentar defender o ‘clubinho’ da mesa diretora.
“Tem vereador que apresenta muito projeto, e acaba que vereadores que têm poucos projetos estão sendo preteridos da pauta. A gente precisava sentar e fazer esse levantamento para que a gente pudesse fazer uma pauta mais igualitária”, explicou o líder do prefeito.
Serafim aproveitou para disparar contra os colegas que protestaram, chamando-os inclusive de “desonestos”. “Infelizmente a gente vê, de forma maldosa e desonesta, algumas pessoas, incluindo alguns colegas, colocando isso como algo negativo, depreciativo”, concluiu.