Um ano depois da crise de falta de oxigênio medicinal em hospitais de Manaus e do interior, os amazonenses seguem sem autoridades responsabilizadas pela tragédia que levou a vida de ao menos 30 pessoas por asfixia nos dias 14 e 15 de janeiro de 2021.
A tragédia, já anunciada, foi ignorada por autoridades federais, que preferiram enviar cloroquina, remédio sabidamente ineficiente para a Covid-19, a abastecer a capital e o interior com oxigênio. Na época, artistas movimentaram as redes sociais na tentativa de ajudar a população com a doação de cilindros de oxigênio gasoso.
Impunidade
Mesmo com a repercussão nacional que a tragédia ganhou, a sensação é de impunidade. Uma ação do Ministério Público Federal (MPF) chegou a denunciar, em abril de 2021, o ex-ministro da saúde Eduardo Pazuello, o ex-secretário estadual de saúde Marcellus Campêlo e mais três secretários do Ministério da Saúde por omissão durante a crise.
Segundo o MPF, “o que se viu foi uma série de ações e omissões ilícitas que, somadas, violaram esses deveres e contribuíram para o descontrole da gestão da pandemia no Amazonas, com o colapso do fornecimento de oxigênio e decorrente óbito por asfixia de pacientes internados”.
O processo, que segue em segredo de justiça, ainda não apresentou resultados concretos e ninguém foi condenado.
Algo parecido aconteceu com o Ministério Público Estadual (MP-AM), que anunciou a abertura de investigações mas não chegou a apresentar denúncias contra ninguém. Procurado, o MP-AM nem mesmo respondeu aos questionamentos do Manaus 360°.
Que fim deu a CPI?
Além disso, a crise do Amazonas foi usada como pretexto para a implantar a CPI da Covid no Senado, cujo relatório final pediu o indiciamento do governador Wilson Lima (PSC), além de Campêlo e Pazuello.
Em novembro, senadores membros da CPI, incluindo Omar Aziz (PSD), entregaram cópia do relatório final da comissão ao MPF-AM para que o órgão tomasse providências em relação às autoridades do estado, mas nenhuma investigação foi anunciada.