Você acha que o indígena pode utilizar tecnologias digitais? e/ou internet? Ser youtubers? Utilizar filmadoras, smartphone?
Assim como no Brasil existe uma diversidade sociocultural, com os povos indígenas no Brasil não é diferente, então há indígenas em todas as regiões do país com traços físicos diversos.
Vários indígenas saíram das suas aldeias para estudas, adquirir conhecimento, e títulos em várias ciências. Hoje há indígenas advogados, médicos, engenheiros, jornalistas, etc.
Esse movimento dos indígenas, proporciona dialogar com os não indígenas sobre a defesa, resistência, direitos e políticas públicas dos povos indígenas. Para manter a sua cultura, tradição, fortalecimento e sobrevivência.
O indígena seja qual for o seu traço físico, seja onde more fora das aldeias, seja a língua que use, sejam os que utilizam as tecnologias digitais, todos são indígenas, ou seja, eles não são menos indígenas ou mais indígenas, mas todos continuam com o sentimento de manter e repassar sua cultura.
A internet, tecnologias digitais estão disponíveis a todos, assim os indígenas passaram a consumir, utilizar e se conectar a essa realidade, passando a serem povos indígenas da informação.
Hoje é indispensável o uso das tecnologias digitais, das TICs – Tecnologias da informação e comunicação, pelos povos indígenas, pois antes era passado de geração em geração de forma oral, é um método frágil, suas danças, rituais, tradições.
Com a utilização de câmeras, tecnologias, proporciona os registros dos anciões mais antigos; da própria língua, para que não seja apagada; da sua memória; da sua história; da cultura e tradição em geral. Essa informação foi obtida no canal do YouTube Wariu:
Essa vida digital indígena, deve ser analisada a luz da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais -LGPD e dialogada com os povos indígenas, pois existe a possibilidade que o paradigma colonial seja o norteador nos tratamentos dos dados, advindas da digitalização das informações das comunidades indígenas.
Bitcoin Indígena
A tecnologia é uma ferramenta de fortalecimento aos povos indígenas. Recentemente, em 11 de novembro de 2020 no evento online Blockchain Connect 2020 foi lançada a primeira criptomoeda indígena, a moeda Oyxabaten ou OYX. Você pode verificar no site: https://oyxabaten.com/
O indígena Elias Oyxabaten, é o idealizador da criptomoeda e dá nome a moeda. Ele é do povo indígena Suruí Paiter, e conseguiu proporcionar a união com outro povo indígena que eram rivais, os Cintas-Largas, por conta da OYX.
Os indígenas também sofreram com a Covid-19 e continuam no combate a pandemia, desmatamento, garimpo ilegal, grileiros da região e com o descaso das autoridades. Então, o objetivo da OYX é para alimentar os povos indígenas, vender artesanatos e criar postos de trabalho, além de poderem se relacionar financeiramente com qualquer pessoal no mundo, e ser uma ferramenta para captar recursos e investimentos para infraestrutura dos povos indígenas.
A OYX não possui a característica de investimento, logo não há valorização e nem é como uma bitcoin, mas utiliza a mesma tecnologia, a blockchain, que é uma rede descentralizada. Logo, a OYX não sofrera interferência do governo federal. Cada unidade monetária de OYX equivale a R$ 10,00, e já foram emitidas 100 milhões de moedas. Informação do site olhardigital.com.br.
A internet aos indígenas
A internet já chegou aos povos indígenas no Brasil, proporcionando conectividade com o mundo; melhores cuidado com a saúde; cursos online, não precisando os indígenas saírem das aldeias para estudarem, e desenvolvimento de Materiais didáticos e digitais indígenas.
O fator importante da internet chegar às aldeias, é pelo fato de proporcionar presença digital, voz, registro, network, e conectividade com várias pessoas no mundo. Amplificando a sua resistência; a manutenção das suas tradições e culturas.
Vários indígenas possuem contas nos provedores de aplicativos, com presença digital nas mídias sociais, assim como há vários sites dos povos indígenas. Alguns utilizam a internet, como meio de comunicação e forma de divulgar a sua tradição, resistência, cultura e ciberativismo indígena.
Há sites também de e-commerce, dos indígenas, para venderem suas artes e artesanatos de forma online, a exemplo dos sites C.A.N.O.A. e Casa Vogue.
Museu do Índio Digital
A digitalização indígena a cada dia se consolida, foi lançado o Museu do Índio – FUNAI acervo digital, no site Tainancan Museu do Índio . São mais de 20 mil peças publicadas, itens de 150 povos indígenas do território brasileiro, sob guarda do museu desde 1947.
Lembro, que o termo adequado não é índio, mas sim indígena; e não é tribo, mas o correto são povos indígenas, assim reconhecido em 2007 pela ONU.
No Brasil, atualmente são cerca de mais de 300 povos indígenas, com mais de 270 línguas diferentes, e cerca de mais de um milhão de indígenas entre aldeados ou não
O tempo do indígena é circular e não linear, pois segue o tempo da natureza. Então como relacionar o tempo da natureza com o tempo exponencial das tecnologias digitais?
E quais as consequências dessa vida digital indígena e digitalização dos povos indígenas?
Até a próxima semana.