Tido com um líder entre os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), o empresário Luciano Hang fez um post no Twitter em que sugere um “boicote” à reeleição da maioria dos deputados federais do Amazonas. Na publicação, Hang mostra fotos e nomes dos deputados Átila Lins (PSD), Bosco Saraiva (Solidariedade), José Ricardo (PT), Marcelo Ramos (PSD) e Sidney Leite (PSD), acompanhados de uma mensagem sugerindo a não reeleição dos mesmos no próximo pleito.
“Olhem aí povo do Amazonas os deputados federais que querem acabar com a liberdade de expressão. Hoje ainda vou passar nome de todos. Demissão em outubro nas urnas”, diz o post, feito há quatro dias.
PL das Fake News
O ataque aconteceu depois da votação do projeto de lei n° 2630, de 2020, apelidado de “PL das Fake News”. Na prática, a proposta estabelece normas relativas à transparência de redes sociais e de serviços de mensagens privadas, incluindo a responsabilidade dos provedores no combate à desinformação, entre outros pontos.
Na bancada do Amazonas, apenas Delegado Pablo (União Brasil), Silas Câmara (Republicanos) e Capitão Alberto Neto foram contra o andamento do projeto em regime de urgência. O restante, por votar favorável, passou a ser alvo de mensagens direcionadas nas redes sociais, amplificadas por perfis como o do empresário Luciano Hang.
Até este domingo (10), nenhum dos deputados citados havia se manifestado sobre o ataque, até que Zé Ricardo resolveu rebater o empresário. O petista lembrou o episódio em que Hang foi apontado como um financiador de um esquema de produção e disparo de notícias falsas.
“Luciano Hang chama o PL das Fake News de projeto de censura. Na CPI da Covid, os senadores obtiveram provas que mostram que ele financiou um dos maiores criadores de notícias falsas do Brasil. Para ele, fake news é um negócio muito lucrativo”, disse o deputado.
Censura?
O PL das fake news tem, segundo o texto do projeto, o objetivo impedir propagação de notícias falsas nas redes sociais, além de regulamentar as chamadas ‘big techs’ no Brasil, exigindo, por exemplo, que as plataformas tenham representação legal em solo brasileiro, para facilitar possíveis acionamentos da Justiça.
O projeto também é reprovado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) que alega dano à liberdade de expressão, discurso que é feito em coro por apoiadores do político.