O Ministério Público do Amazonas (MPAM) inspecionou, nessa quarta-feira (31), a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-HVD) após receber denúncias de inúmeras irregularidades na instituição. Como resultado, o grupo de trabalho encontrou falta de recursos financeiros que prejudicam a assistência aos pacientes.
Representantes da FMT-AM, durante a inspeção, detalharam as dificuldades enfrentadas pela instituição. O diretor administrativo e financeiro, Flávio Azevedo de Lima, ressaltou que a falta de repasses desde agosto de 2023 já acumula uma dívida superior a 8 milhões de reais das contas de custeio, impactando o funcionamento e a oferta de serviços essenciais.
A Promotora de Justiça, Cláudia Maria Raposo da Câmara, titular da 54ª Promotoria de Justiça da Saúde, expressou preocupação com a omissão do Estado do Amazonas, e afirmou que “não há dinheiro na unidade; ela sobrevive às custas de doações. É lamentável que o Estado seja tão negligente com um hospital de referência.”
A situação se agrava com atrasos nos salários de terceirizados, falta de insumos básicos e problemas em equipamentos médicos, revelando uma crise generalizada na saúde do Amazonas. A falta de segurança, infiltrações e a interdição de leitos devido a problemas no sistema de refrigeração na Fundação de Medicina Tropical são apenas alguns dos sintomas dessa crise.
De acordo com a Promotora de Justiça, Luissandra Chíxaro de Menezes, titular da 58ª Promotoria da Saúde, a situação é bastante alarmante, principalmente porque essa situação não se restringe apenas ao Tropical.
“Já visitamos o Francisca Mendes, 28 de Agosto e Platão Araújo, e isso se estende a toda saúde do Estado. Atualmente, 70% dos exames de raio-X do 28 de Agosto só serão atendidos em casos graves”, enfatizou.
A escassez de medicamentos essenciais, como os indicados na prevenção e tratamento de infecções por citomegalovírus (CMV), destaca a urgência da situação. O Promotor de Justiça Edinaldo Aquino Medeiros, da 77ª Promotoria de Patrimônio Público, alertou que qualquer surto poderia deixar o hospital incapaz de prestar atendimento.
Diante da gravidade da situação, a procuradora de Justiça Delisa Olívia Vieiralves Ferreira, presidente do grupo de trabalho que fiscaliza a saúde do AM, cobrou resposta efetiva do governo estadual, mas considera todas as possibilidades para resolver a crise.