Deputados estaduais do Amazonas criticaram uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF) à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para interditar uma área de exploração de gás natural pela Eneva S/A, localizada entre os municípios de Silves e Itapiranga, na Região Metropolitana de Manaus. O pedido foi feito após relatos sobre a possível presença de indígenas isolados na região.
Segundo os parlamentares, caso a medida seja implementada, haverá graves consequências, como o desabrigo de ribeirinhos, desemprego em massa nas cidades afetadas e um apagão no estado de Roraima. Isso porque as usinas termelétricas responsáveis por 60% da energia elétrica de Roraima dependem do gás extraído no Amazonas.
A recomendação do MPF foi emitida após um relato feito por um agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em agosto de 2023, que alegou ter avistado indígenas isolados no Igarapé do Caribi, um afluente do Rio Uatumã. Entre março e abril de 2024, a Funai conduziu uma expedição à área e encontrou apenas um artefato indígena, atribuído aos supostos isolados.
Os políticos também destacaram a dependência energética de Roraima, que utiliza o gás extraído e tratado no Campo do Azulão, transportado pelas rodovias AM-363, AM-010 e BR-174 até Boa Vista.
O deputado João Luiz (Republicanos) pontuou possíveis riscos: “A energia que é gerada no estado vizinho nosso, Boa Vista, Roraima, vem exatamente daqui. E se houver a suspensão da exploração, então, um estado inteirinho vai ficar às escuras. Boa Vista ficará às escuras”, afirmou.
João Luiz também questionou a validade da fotografia utilizada para justificar o pedido de interdição da área. “A expedição de localização da Funai diz ter encontrado artefato indígena no local, no entanto, o órgão afirma que não foram encontrados indígenas isolados. Onde diz que tem indígenas isolados? A Funai diz que não tem.”
Críticas a ONGs
Os parlamentares aproveitaram para criticar a atuação de organizações não governamentais na Amazônia, alegando que muitas delas têm interesses externos e pouco contribuem para o desenvolvimento local. Uma das ONGs mencionadas foi a 350.org, que participou da expedição da Funai e atua contra a exploração de combustíveis fósseis.
“As ONGs recebem recursos volumosos para poder investir no Amazonas, [mas] qual foi o investimento que uma dessas ONGs fez nesse estado? Não tem investimento. Zero”, declarou João Luiz.
Rozenha (PMB) acrescentou: “ONG na Amazônia só serve para fazer mídia, para buscar flash, para atrair ainda mais recursos internacionais. Não quero crer que essas ONGs estejam embolsando esses euros, embolsando esses dólares. ONG nenhuma tem compromisso com o homem e a mulher da Amazônia.”