Opositor do presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Marcelo Ramos (PSD) pode deixar a vice-presidência da Câmara dos Deputados, em Brasília. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o PL tem pressionado o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a trocar o amazonense por outro deputado alinhado ao Palácio do Planalto.
Isso acontece porque a vaga de vice-presidente pertence ao PL, partido do qual Ramos fazia parte até a chegada de Bolsonaro. Em um acordo com o presidente da sigla, Valdemar da Costa Neto, o deputado amazonense conseguiu liberação para deixar o partido e manter o cargo na mesa diretora da Câmara.
Mesmo assim, Marcelo Ramos ingressou com uma ação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o assegurou no cargo. No fim de abril, em outra ação, desta vez no Supremo Tribunal Federal (STF), Ramos conseguiu uma liminar proibindo qualquer manobra do PL para retirá-lo da vice-presidência.
Da mesma forma, as regras adotadas atualmente pela Câmara dos Deputados também embasam a continuidade de Marcelo Ramos no cargo. Desde 2016, a Casa entende que membros da mesa diretora podem fazer a troca entre partidos do mesmo bloco — esse é o caso do deputado amazonense.
Atrito com Bolsonaro
O atrito entre Ramos e o partido de Bolsonaro cresceu nas últimas semanas, com o decreto presidencial que reduz a alíquota do IPI e prejudica a competitividade da Zona Franca de Manaus (ZFM).
Na ação do STF, Marcelo Ramos argumenta que “a partir de reunião com os líderes dos partidos da base de governo, foi registrada a manifestação do Partido Liberal, por pressão do Presidente da República, de solicitar o Cargo da Mesa”.
Em entrevistas, um dos principais aliados de Bolsonaro no Amazonas e pré-candidato ao Senado, coronel Alfredo Menezes (PL) também tem defendido a saída de Ramos da mesa diretora da Câmara.