O segundo debate entre os candidatos ao senado pelo Amazonas foi marcado mais uma vez pela escassez de propostas, desta vez fomentada por um alvo fácil: a ausência de Omar Aziz (PSD). O senador, mesmo não estando presente, foi bastante citado, inclusive nas redes sociais dos candidatos que compareceram.
Ao longo de quase 4 horas, Omar foi citado e provocado diversas vezes por conta da ausência, com a operação “Maus Caminhos” sendo destacada a cada oportunidade de falar sobre o tema “saúde”. Arthur Neto (PSDB), que teve um confronto mais ríspido com Aziz no primeiro debate em que se encontraram, o apelidou de “senador cadeira vazia”.
Embates forçados
Ao que parece, os candidatos preferem ser destaque pelos confrontos que deixam as propostas em segundo plano do que realmente por projetos que possam esclarecer o eleitor. Ao longo do debate, diversos foram os duelos que não levaram a lugar nenhum.
Chico Preto (Avante), por exemplo, foi com a proposta atacar a Arthur e Omar e se posicionar como um defensor do presidente Jair Bolsonaro (PL). Arthur, além de atacar o senador que faltou ao debate, virou a artilharia para Coronel Menezes (PL) e chegou a ter dois “direitos de resposta” deferidos por se sentir ofendido com Chico Preto, que em vários momentos relembrou o envolvimento do ex-prefeito de Manaus no “Caso Flávio”.
Menezes, que nas últimas pesquisas de intenção de votos aparece em terceiro com pequena vantagem para o quarto colocado, de novo foi mais contido, apesar de ter entrado em discussões rasas com Bessa (Solidariedade), e voltando mais a atenção à proximidade que ele tem com Bolsonaro, de quem é aliado.
Participando de seu primeiro debate, Pastor Peter Miranda (Agir) tentou fazer uma linha mais diplomática e acabou ficando apagado, dando enfoque muito maior em pautas conservadoras nas quais aposta.
Deslize
Um dos momentos constrangedores do debate aconteceu quando a candidata Marília Freire (Psol) perguntou a Luiz Castro (PDT) que propostas de políticas públicas ele tinha para a população LGBTQIAPN+ e o candidato fez uma associação incompreensível com exposição de crianças a cenas de sexo na TV e no cinema e pedofilia.
“Eu sou contra a homofobia. Eu entendo que nós temos que respeitar o direito à orientação sexual de cada ser humano. Mas também sou contra o sexismo na televisão. Sou contra antecipar qualquer promoção do sexo antes da idade devida pras crianças. Criança tem que ser criança, para não estimular a pedofilia. E aí pode ser uma pedofilia hétero, uma pedofilia homo. Nós temos que proteger as nossas crianças das propagandas excessivas, dos filmes com violência, com sexo, dos vídeos pornográficos na internet”, disse.
Ele foi criticado por Marília, que rebateu as afirmações.
“[…] essa população sofre tantas violências e estigmas, inclusive nessa sua fala, de querer relacionar pedofilia com a questão da população LGBTQIAPN+, que não tem nada a ver uma coisa com a outra. E a gente só vai combater a pedofilia não só com o endurecimento de leis, mas também com educação. As crianças precisam saber que existem partes dos seus corpos que não podem ser tocados por nenhum adulto”, respondeu.