A Universidade do Estado do Amazonas (UEA) revelou o nome do professor que está sendo investigado pela Polícia Federal por suspeita de tráfico internacional de órgãos. Hélder Bindá Pimenta, professor de anatomia, está oficialmente afastado das funções por 30 dias, enquanto uma sindicância apura internamente o que houve em paralaelo à “Operação Plastina”, que cumpriu, nesta terça, mandados de busca e apreensão na casa do docente e no laboratório onde ele trabalha.
Prestígio internacional
Natural de Rondônia, Pimenta é graduado em fisioterapia e se especializou em Unidade de Terapia Intensiva e Educação Médica, além de ter mestrado em ciências biomédicas. É sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Anatomia, membro regular da International Society for Plastination (ISP ) e membro da American Association of Anatomists.
Atua como professor na UEA desde 2013, e se notabilizou como pesquisador em 2019, quando teve a pesquisa de seu doutorado em ciências morfofuncionais no top 10 do Congresso Experimental Biology (Biologia Experimental), realizado nos Estados Unidos. No evento, mais de 5 mil projetos, de 65 países diferentes foram apresentados,
Youtuber
Em 2020, por conta da pandemia de Covid-19, que implementou diversas medidas de restrição, dentre elas a suspensão de aulas presenciais, Helder Pimenta decidiu atacar de youtuber na internet, abrindo um canal que parece não estar mais disponível. Ele aparece em aulas num outro canal, que inclusive leva o nome da UEA, ao lado de mais professores.
O conteúdo, que é apresentado de forma resumida, é direcionado a estudantes de medicina. E dezenas de aulas, Helder mostra certa desenvoltura com a câmera, mas aborda os assuntos de maneira mais técnica.
Entenda o caso
Segundo a PF, há indícios de que Helder enviou uma encomenda contendo uma mão e três placentas, de origem humana, de Manaus para Cingapura. O material teria sido mandado a um famoso designer indonésio que vende acessórios e peças de roupas utilizando esse tipo “matéria-prima”.
Caso seja condenado, o Pimenta poderá responder pelo crime de tráfico internacional de órgãos humanos, com pena de até 8 anos de reclusão.
Para a PF, ele realizava um procedimento chamado “plastinação”, no qual ele é especialista, que serve basicamente para preservação de matéria biológica e consiste em extrair os líquidos corporais (água e soluções fixadoras) e lipídios, através de métodos químicos, substituindo-os por resinas plásticas, como silicone, poliéster e epóxi, resultando em tecidos secos, inodoros e duráveis.
UEA vai abrir sindicância
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da UEA enviou uma nota informando que cumpriu a ordem judicial e vai abrir uma sindicância para apurar internamente o ocorrido, em paralelo às investigações.