A saga do vereador Raiff Matos (Democracia Cristã) contra o passaporte vacinal, medida de restrição de circulação a locais públicos e estabelecimentos comerciais a quem está com o ciclo vacinal atualizado, continua. Bolsonarista, o parlamentar, que na última semana apresentou um projeto de lei municipal para derrubar a exigência do documento no ato da matrícula de crianças na rede municipal de ensino, desta vez propôs uma audiência pública para discutir essa restrição.
“Tem chegado relatos em minhas redes sociais, no e-mail, de pessoas que têm sido colocadas de canto por esse tipo de política e comportamento totalitário que só vai prejudicar a nossa cidade. É, no mínimo, uma medida totalitária e que vai contra a liberdade individual de cada ser humano. Então, neste momento, eu gostaria de solicitar do presidente da Comissão de Saúde, uma audiência pública para que nós vereadores possamos amadurecer essa ideia de extinguir de uma vez por todas a obrigatoriedade da comprovação da vacina da Covid-19 dentro da cidade de Manaus. Estamos em outro momento e temos vários precedentes em que este projeto de lei já foi aprovado”, disse, da tribuna.
‘Muito mimimi’
Só que ao acenar para a claque conservadora na qual vê um reduto eleitoral, Raiff Matos vai de encontro às ações da Prefeitura de Manaus, que tem incentivado a vacinação. Como a maioria dos 41 vereadores faz parte da base do prefeito David Almeida, assim como aconteceu na propositura do projeto de lei, na última semana, a repreensão por parte dos colegas era esperada.
Primeiro, William Alemão (Cidadania) chamou a atenção dizendo que Raiff estava criticando empresários que são obrigados a exigir o comprovante de vacinação. Já Elissandro Bessa (Solidariedade) foi mais incisivo, dizendo até que a reclamação do colega bolsonarista tratava-se de “mimimi”.
“Sinceramente não entendo essa celeuma com relação a esse cartão de vacina. Pelo amor de Deus, o mundo todo exige isso. Isso é uma segurança para as pessoas que estão entrando no estabelecimento. Aí criou-se uma bandeira política, uma confusão. Pelo amor de Deus. A vacina está lá, ninguém é obrigado a se vacinar. É necessário que o restaurante, o clube, exija essa carteira, rapaz. Não entendo esse ‘mimimi’. Isso já passou do limite, ficou chato. Ninguém aguenta mais isso. Tem tanta coisa importante pra gente tratar nessa cidade e ficam com esse ‘mimimi’. Desculpe o desabafo”, disse.
Por conta do rumo da sessão, que acabou engolida pela confusão na fala de Rodrigo Guedes (PSC), Raiff Matos não teve direito à tréplica, mas a expectativa fica para a sessão da próxima segunda (21), quando o assunto deve ser levantado outra vez.