O Atlas dos Pequenos Negócios, pesquisa divulgada esta semana pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), revelou que a região Norte do país tem uma das maiores proporções de jovens negros empreendedores. De acordo com o estudo, que é inédito, 84% dos empreendedores das pequenas empresas nos estados do Amazonas e do Acre são negros.
O estudo ainda revelou também que a população negra é maioria nos trabalhos informais e desempenham funções com menor remuneração, levando em consideração as médias dos mercados de acordo com o tipo de trabalho a ser realizado. No Amazonas, 68% dos microempreendedores recebem até um salário mínimo por mês.
Em contraste, as regiões Sul e Sudeste têm os menores índices de pessoas que são donas dos próprios negócios e se autodeclaram pretas e pardas. Nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, por exemplo, as pessoas negras representam apenas 15% dos empreendedores.
Levantamento
A pesquisa identificou 15,3 milhões de proprietários de pequenos negócios em atividade no Brasil, sendo que 75% deles dependem exclusivamente da atividade empresarial para sobreviver. Entre MEIs, a proporção chega a 78%, o que equivale a cerca de 6,7 milhões de pessoas.
Atualmente, ainda de acordo com dados do Sebrae, 44% de todos os salários pagos no país em empregos formais são provenientes de microempresas e pequenas empresas, mas nos últimos anos houve um aumento no número de empresas com uma pessoa, os microempreendedores individuais. Enquanto o número de MEIs formalizados cresceu 8%, em 2020, o número de micro e pequenas empresas formalizadas caiu 0,5% em relação a 2019.
Desigualdade
O Sudeste tem o maior número de pequenos negócios, com os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro concentrando 40% dos donos de empresas de pequeno porte no Brasil. Os últimos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgados em maio, mostram que o Amazonas tem o segundo maior percentual da população trabalhando por conta própria, com 35,7%, quase empatado com o Amapá, que tem 35,9% dos trabalhadores atuando de forma autônoma.
Quando o assunto é informalidade, o Amazonas está em terceiro lugar, com uma taxa de 58,1%, perdendo apenas para Maranhão (59,7%) e Pará (62,9%).