A advogada Cynthia Rocha falou sobre feminicídio na Câmara Municipal de Manaus, mas foi ignorada por parlamentes durante a apresentação. Rocha foi convidada pela vereadora Prof. Jacqueline (Podemos) por conta da campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher: Vamos falar de feminicídio”, que inicia nesta quinta-feira(25/11).
O assunto, feminicídio, entretanto, não interessou a todos os parlamentares que distraíam-se em conversas entre eles mesmos. Enquanto isso, a advogada apresentava dados sobre os números de violência contra a mulher na cidade Manaus, logo Cynthia Rocha usou a situação para exemplar. “Estou em uma casa repleta de homens e estou vendo a maioria conversando de forma paralela. Acho que nós estamos numa atividade que é voltada justamente para combater esse tipo de comportamento. Então, me perdoem vossas excelências, eu realmente gostaria da atenção dos senhores, porque os senhores também são vetores de transformação, não só nós mulheres.”, disse em tom de “puxão de orelha”.
Vereadores inquietos
O recado da advogada não foi o suficiente para ela ganhar a atenção de todos do plenário. Por um momento, houve uma interação por parte dos vereadores presentes na sessão, mas, em seguida, voltaram a perder o foco. Dessa vez, a anfitriã, vereadora Jacqueline deu a “bronca”. “Gente, queria pedir para os colegas que não quiserem participar e ouvir, que pelo menos fizesse silêncio, porque fica ruim a gente estar trabalhando uma questão tão importante e está sofrendo violência porque um conversa com o outro. Isso é um desrespeito ao nosso trabalho aqui.”, disparou a vereadora relembrando uma fala comum de professores que dão aula para crianças inquietas.
Mulheres na Câmara
Hoje, a Câmara Municipal de Manaus contém 41 vereadores, sendo apenas 4 mulheres, que corresponde somente a 10% do total de parlamentares, dentre elas, vereadoras Glória Carrate (PL), Professora Jacqueline (Podemos), Yomara Lins (PRTB) e Thaysa Lippy (PP).
Feminicídio
O feminicídio é o assassinato de mulheres cometido em razão do gênero, ou seja, a vítima é morta pela condição de ser mulher, que envolve violência doméstica e familiar, qualificada na Lei 13.104/15, como crime hediondo. Somente em 2020, o Brasil contabilizou 1.350 casos de feminicídio – um a cada seis horas e meia, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.