Desde o anúncio do Festival Folclórico de Parintins 2023, os preços elevados dos ingressos e passagens aéreas são alvo de críticas tanto da população quanto da classe política. No caso dos voos, meio mais rápido de chegar à Ilha Tupinambarana, há pouquíssimas opções de passagens, as quais chegam a passar dos R$ 5 mil. Os deputados estaduais Roberto Cidade e George Lins, ambos do União Brasil, têm utilizado a tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) para denunciar os preços e o descaso das companhias com o interior do Amazonas.
Um levantamento realizado pela reportagem do Manaus360º apurou que o preço das passagens para Parintins na época do festival não são menores que R$ 2,6 mil. O valor mais barato é oferecido pela empresa Passaredo Linhas Aéreas, que passou a atuar na região após comprar a MAP Linhas Aéreas. O valor mais caro é oferecido pela Azul Linhas Aéreas, cujos voos de ida e volta totalizam cerca de R$ 5,1 mil.
A simulação levou em consideração a viagem de uma única pessoa adulta, utilizando os pacotes mais básicos:
IDA | VOLTA | TOTAL | PERÍODO | |
Azul Linhas Aéreas | R$ 1.869,02 | R$ 3.242,90 | R$ 5.111,92 | 26/06 – 05/07 |
Gol Linhas Aéreas | R$ 1.345,12 | R$ 1.331,50 | R$ 2.676,62 | 27/06 – 06/07 |
Latam Linhas Aéreas | R$ 1.345,12 | R$ 1.331,50 | R$ 2.676,62 | 27/06 – 06/07 |
Passaredo Linhas Aéreas | R$ 1.338,93 | R$ 1.331,50 | R$ 2.670,43 | 27/06 – 06/07 |
Apesar de a Latam e a Gol também oferecerem voos para Parintins, não são as empresas mais utilizadas na região. Segundo diversos sites que coletam dados de voos, as companhias Azul e Passaredo dominam as chegadas e saídas do Aeroporto Regional Júlio Belém, sediado na terra do boi bumbá.
A Passaredo, inclusive, é a única companhia que atende muitos municípios do interior do Amazonas.
Críticas na política
Os altos preços e a baixa gama de opções vêm sendo alvo de críticas nas tribunas parlamentares há bastante tempo. Na última semana, o deputado Roberto Cidade, presidente da Aleam, destacou a importância do Festival Folclórico de Parintins e anunciou uma audiência na Assembleia para tratar dos preços das passagens.
“O Festival de Parintins é o maior do mundo e nosso desejo é ver, cada vez mais, Parintins se desenvolver e crescer na geração de renda, de postos de trabalho. O festival é importante não apenas para Parintins e para o Amazonas, mas também para os estados próximos. Vamos realizar uma audiência pública na Assembleia, convocar as agências de turismo e companhias aéreas para debater sobre os valores absurdos que vêm sendo cobrados pelas passagens. O Festival de Parintins é uma festa popular e a gente tem que fazer de tudo pra aqueles que realmente vão ao festival todos os anos, que continuem indo”, falou.
O deputado destacou a isenção do ICMS sobre combustíveis, que supostamente deveria diminuir os custos e baratear o preço das passagens.
As críticas de Roberto Cidade ao preço abusivo das passagens aéreas não são novas. Em 2022, quando ainda era parlamentar do Partido Verde, Cidade denunciou os preços de ida e volta que superavam R$ 5 mil.
“Estou preocupado com o Festival de Parintins. Sempre vou com minha família, mas este ano o valor das passagens aéreas está um absurdo. Se um casal quiser ir à festa vai pagar R$ 10 mil além de hospedagem, que também está alto. O aluguel de uma casa por três dias está na faixa de R$ 5 mil. A gente vê que esse será um festival muito caro e isso afasta os turistas e, consequentemente, afeta a economia”, afirmou à época.
O então deputado estadual Tony Medeiros, ex-Amo do Boi do Garantido, concordou com Cidade e ressaltou que o valor das passagens era uma “inquietação de todo o Amazonas”.
Atualmente, o deputado estadual George Lins é outra voz que critica o tratamento dado pelas companhias aéreas ao interior do Amazonas. Nesta semana, o parlamentar usou a tribuna para criticar os sucessivos cancelamentos que estariam prejudicando os moradores da região e afirmou que acionaria o Ministério Público do Amazonas contra a Azul e a Passaredo.
“As duas companhias aéreas possuem um histórico de má prestação de serviço ao povo do interior, e não me calarei diante de situações como essa. Carauari, por exemplo, é um município que sofre muito com esses cancelamentos de voos aleatórios, sem justificativas, que penalizam o povo”, disse o parlamentar.