Quando a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, desembarca em Taiwan e é recebida pelas autoridades locais com ares de chefes de Estado, a paz entre China e a ilha é quebrada. E esse movimento pode render prejuízos até mesmo deste lado do mundo, em especial, para a Zona Franca de Manaus (ZFM).
Crise política
Isso porque a ilha é povoada pelos chineses que não se conformaram com o resultado da guerra civil de 1927, com isso, saíram da grande China comunista e foram morar na ilha — que é um território chinês — e vivem sob regras nacionalistas.
Apesar das particularidades, China e Taiwan viviam em harmonia e até são parceiras comerciais. Entretanto, a ação das autoridades norte-americanas promoveu o fim dessa tolerância do continente quanto à Taiwan — que, oficialmente, se chama de República Nacionalista da China. No último domingo (21), o ministério da Defesa de Taiwan disse que 12 aeronaves e cinco navios chineses foram detectados próximos à ilha.
E a ZFM?
Taiwan e China são produtores de um insumo fundamental para a indústria do mundo inteiro que são os semicondutores. Na Zona Franca de Manaus (ZFM), a quebra dessa produção significa interromper “a montagem de um aparelho eletroeletrônico ou mesmo de um aparelho da linha branca – como geladeira – e motos ou ares-condicionados”, explica o economista Jessé Rodrigues.
Rodrigues lembra que o Brasil tinha, de 2008 até 2021, certa independência na fabricação de semicondutores por conta da produção feita no Rio Grande do Sul (RS), mas foi fechada na atual gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL). O economista fala do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), estatal fechada sob a justificativa de que não dava lucro.
Esse fim foi marcado por protestos, uma vez que marcou a dispensa de um celeiro de profissionais de alta qualificação no setor da tecnologia, além da produção de um insumo indispensável para a indústria de todo o mundo que são os semicondutores.
Para evitar mais prejuízos, Jessé sugere que cabe ao Brasil agir como um país soberano. “Cabe ao Brasil estabelecer relações diplomáticas e acordos econômicos com a China para assegurar o fornecimento desses insumos. Sendo o Brasil uma nação soberana não pode se curvar nem diante da China e nem diante dos EUA”, finaliza.